Merval Pereira fez, nesta quinta-feira (26), a palestra "100 anos do jornal GLOBO" durante a programação do projeto “Quinta é Cultura”, da Academia Brasileira de Letras. O jornalista, acadêmico e colunista do GLOBO lembrou que 2025, ano em que o jornal celebra seu centenário, reforça a importância dos jornais para “a democracia, a sociedade e a cultura brasileira”. O GLOBO celebra 100 anos em 29 de julho de 2025.
No encontro, ao lado do também acadêmico Arnaldo Niskier, Pereira lembrou histórias que viveu na redação. Com mais de cinco décadas de história no jornal carioca, Merval iniciou sua trajetória em O GLOBO como estagiário, em 1968, aos 18 anos. Desde então, ocupou funções-chave na redação, passando por cargos como editor de política, editor-chefe, chefe da sucursal de Brasília, diretor de redação e diretor de mídia impressa e rádio do Grupo Globo. Foi também o criador do caderno Prosa & Verso, dedicado à reflexão intelectual e cultural, hoje extinto.
— Eu era o mais jovem do jornal, não havia ninguém com menos de 40 anos. O jornal era um bico para todo mundo, para redatores e jornalistas. Todos eram empregados de algum ministério em relações públicas — conta ele. — Para vocês terem uma ideia de como o jornalismo era feito de forma amadora, completamente antiprofissional. Não era um ambiente que dava margem para um futuro. Mas era um ambiente engraçado, com muita gente interessante.
Durante sua gestão à frente do GLOBO, Pereira também esteve à frente de importantes transformações gráficas e editoriais para a modernização do jornal, além de ter acompanhado de perto grandes mudanças políticas e tecnológicas que marcaram a imprensa brasileira.
Na ABL, Pereira relembrou o convívio com o jornalista Roberto Marinho:
— Ele tinha uma noção da História muito forte, assim como a noção de até onde ele podia ir e aonde ele queria ir. Tinha momentos que eu conversava com ele no telefone e falava: "Mas, doutor Roberto, tem que publicar isso na primeira página, todo mundo vai publicar, vai ser ruim para o jornal não publicar", e ele respondia: "Quem sabe o que é melhor pro meu jornal sou eu". Ele tinha noção que o furo jornalístico é uma coisa importante, histórica. A noção da História lhe era muito clara.
Além de sua longa trajetória em O GLOBO, Merval Pereira teve passagens relevantes pela revista Veja e pelo Jornal do Brasil, e hoje atua como colunista do GLOBO, comentarista da GloboNews e da Rádio CBN, além de integrar o Conselho Editorial do Grupo Globo. Em 2011, foi reconhecido com o prêmio Maria Moors Cabot, concedido pela Universidade de Columbia (EUA), por sua contribuição à liberdade de imprensa nas Américas.
Presidente da ABL, é também membro da Academia Brasileira de Filosofia e da Academia das Ciências de Lisboa.
Matéria na íntegra: https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2025/06/26/em-palestra-na-abl-merval-pereira-relembra-historias-de-sua-carreira-no-globo.ghtml
27/06/2025