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Artigos

  • Melhor juntos do que separados

    Demência é um termo amplo que designa várias doenças afetando principalmente pessoas idosas, e manifestando-se por vários problemas, sobretudo a perda da memória e distúrbios de conduta. Em geral pensa-se logo na doença descrita pelo médico alemão Alois Alzheimer em 1906, e que é muito frequente (cerca de 30 milhões de pessoas no mundo), mas há outras formas de demência, por exemplo aquelas que resultam de problemas circulatórios no cérebro.

  • Sucesso político e anticlímax

    Não há que insistir mais sobre a permanência do coeficiente de 83% de apoio a Lula, mas talvez dentro de uma perplexidade quanto ao passo adiante. O Presidente vive, sem perda do seu prestígio, no impasse objetivo que lhe custa a estrita observância das regras do jogo democrático. Não se duvidaria também do resultado de um plebiscito, fosse adiante a busca de um terceiro mandato, no que se destaca tanto, e de vez, dos governos perpétuos das equívocas repúblicas bolivarianas, a partir de Hugo Chávez.

  • Manhã sem vestígio

    Faz tempo: tinha as manhãs livres, alma e corpo também livres. Conhecia um atalho que subia para o morro onde havia paisagem e solidão. Uma antiga estrada de saibro, toda arrebentada, parecia-me impossível para carro. Ia a pé, então, saboreando os passos e o sol que descia sobre meus ombros e me abençoava.

  • A vida nos hotéis

    Viajar não é apenas conhecer novos lugares, conhecer novas pessoas. Viajar significa mudar, ainda que transitoriamente, o estilo de vida. De repente, já não estamos mais em nossas casas, no cenário que nos é familiar. De repente estamos num lugar que, pretendendo ser como as nossas casas, ou até melhor que as nossas casas, acaba nos dando uma sensação de estranhamento. Estou falando, claro, no hotel.

  • Celebrando em Chicago

    Eu estava em Chicago exatamente no dia em que a cidade perdeu para o Rio a disputa para sediar a Olimpíada. Minha viagem nada tinha a ver com essa amável briga; fui lá para duas conferências promovidas pelo consulado brasileiro (cujo titular, o embaixador João Almino, é excelente escritor) em conjunto com a Universidade de Chicago e com o Instituto Cervantes. Conferências e encontros à parte (foi uma satisfação rever meu colega Nelson Kanter, que é lá médico bem-sucedido), pude acompanhar a torcida dos brasileiros, que já são 20 mil na cidade, e a decepção, dos “chicagoans”. A verdade, porém, é que eles não têm do que reclamar. Mesmo com a atual crise, Chicago continua sendo uma cidade rica, um dinâmico polo industrial, financeiro – e cultural. O Instituto de Arte de Chicago tem um dos maiores acervos do mundo, e está localizado num prédio belíssimo. Aliás, Chicago é famosa por sua arquitetura arrojada e inovadora, e um dos tours mais interessantes é feito de barco, no Rio Chicago, com uma guia falando sobre os gigantescos prédios que a gente avista no trajeto e que evocam arquitetos como Frank Lloyd Wright e Mies van der Rohe.

  • O ideal universitário de JK

    Para Juscelino Kubitschek de Oliveira, imortal estadista brasileiro, os caminhos do desenvolvimento sempre passaram necessariamente pela construção de universidades. Sua primeira manifestação concreta, neste sentido, deu-a quando Governador do Estado de Minas Gerais, em 1953. Criou a Faculdade de Odontologia de Diamantina, sua terra natal, que acabamos de visitar, em companhia de Maristela Kubitschek e Rodrigo Lopes. Na entrada do que hoje é a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, o reitor Pedro Ângelo Almeida Abreu, que é geólogo, chamou nossa atenção para o busto de JK e a frase com que fui homenageado: “Este é o ideal de um grande homem, semente plantada no ontem, transformada no hoje: um sonho realizado. Homenagem ao eterno criador. 2003.”

  • Nações Unidas e democracia

    A Organização das Nações Unidas (ONU), que reúne 192 países, instituiu o 15 de setembro como Dia Internacional da Democracia. Trata-se de atitude coerente com as origens da instituição e, por isso, o atual secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pode dizer que "sistemas democráticos são essenciais para se alcançarem os objetivos de paz, direitos humanos e desenvolvimento no mundo".

  • A bela e a fera

    O BRASIL está tendo, e vai ter cada vez mais, uma visibilidade mundial num terreno em que nós sempre, a não ser no futebol profissional, fomos fracos: a realização de eventos esportivos.

  • O siri higiênico

    A proprietária e o gerente de um restaurante foram detidos após uma inspeção da 1ª Delegacia de Saúde Pública do Departamento de Polícia e Proteção a Cidadania. Segundo a polícia, o estabelecimento funcionava em condições precárias. A polícia foi até o local após receber uma denúncia anônima. No restaurante, policiais encontraram um siri vivo no banheiro.

  • A classe c já na universidade

    O mandato de Lula acaba sem o desfecho do grande projeto de reforma universitária. Mas as políticas de avanço social poderiam enfrentar, desde já, um dos atrasos mais dramáticos neste salto para o conhecimento do terceiro grau. Contamos hoje com 22 milhões de brasileiros que cumpriram o ensino médio e param no acesso à nova etapa de sua educação. E a cada ano, dentre 5 milhões de nacionais capazes de chegar ao campus, 1 milhão fica fora no impasse entre a falta de espaço e vagas na universidade pública e a dificuldade de custeio do ensino particular.

  • A imagem do médico

    Este 18 de outubro, Dia do Médico, permite que se faça uma reflexão acerca da imagem do médico para o público em geral. Afinal, a data homenageia uma figura que, aparentemente, goza do respeito e da admiração do público. Mas será que sempre foi assim? E será que continua sendo assim? A resposta mais provavelmente é negativa, mesmo porque os médicos nem sempre ocuparam esse lugar destacado. No Antigo Testamento médicos aparecem raramente. No melancólico Jeremias há uma metafórica, e desanimada, alusão aos médicos. E o rei Asa, portador de uma séria enfermidade dos pés, morre por ter consultado médicos ao invés de recorrer ao Senhor. Na Roma antiga os médicos frequentemente eram escravos. Molière, em suas peças, vê os doutores como charlatães enganadores, e também assim Bernard Shaw em O Dilema do Médico. Em O Alienista Machado de Assis vai ainda mais longe, descrevendo um médico que é um tirano alucinado.

  • Plugue deles, tomada nossa

    Dá gosto ver como velam e zelam por nós. Faz uns dias, de passagem pelo aeroporto de Congonhas, pude observar como um policiamento atentíssimo garantia inteira proteção contra os males do tabaco. Os infelizes que ainda persistiam no feio vício eram obrigados a sair para o ar livre. Se achassem que já estavam ao ar livre e não notavam que um pedaço de marquise os cobria a vários metros de altura, um policial os repreendia com polidez e fazia ver que debaixo de marquise não era ar livre, pelo menos juridicamente. E, assim, não deixava de ser objeto de uma boa foto a visão de uma porção de gente olhando para cima para checar a marquise, e se postando a um passo de sua margem exterior, para só então acender os cigarros.

  • A tênue fronteira

    No começo da minha trajetória como médico, vi muitas pessoas morrerem. Houve um óbito que me impressionou particularmente; ocorreu com uma mulher que estava em insuficiência renal avançada, já agônica. Eu permanecia ali, junto ao leito, observando-a - já não havia mais nada a fazer - quando, de repente, ela empalideceu, soltou um fundo suspiro, e pronto, no instante seguinte, estava imóvel, morta. Naquela fração de segundo tinha atravessado a sempre tênue fronteira que separa a vida da morte. Já não estava entre nós.