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Zélia Gattai recebe prêmio italiano

 

Camila Vieira

Filha e neta de imigrantes italianos, a escritora Zélia Gattai foi contemplada, ontem, com o prêmio Órdine della Stella, concedido pela Itália àqueles que no país e fora dele contribuem para o fortalecimento da história italiana. A premiação em nome do presidente da república, Giorgio Napolitano, foi feita pelo embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise, na casa da escritora, em Brotas, ontem às 19h. Participaram cerimônia amigos e familiares.

Mesmo com auxílio de um aparelho de oxigênio para respirar, a escritora parecia bastante contente. Sentada na cadeira da sala e rodeada de pessoas queridas, ela confessou que ficou surpresa com a premiação. “Muito obrigada, me sinto muito feliz. Digo isso do fundo do meu coração”, afirmou. Num longo discurso, a escritora contou a história dos pais que, mesmo morando no Brasil, sempre fizeram questão de falar com filhos em italiano. “Pensei muito se falaria em italiano ou em português”, brincou.

Durante a cerimônia de entrega do prêmio (um broche em formato de estrela e um diploma), o embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise, falou sobre a importância da escritora para os italianos. “Ela representa com sua obra uma síntese do respeito às crenças diferentes. Sua obra, sua arte são uma enorme contribuição para entender esses dois países: Brasil e Itália”, finalizou.

A memorialista, romancista e fotógrafa nasceu em São Paulo, no dia 2 de julho de 1916. É filha de Angelina Da Col e Ernesto Gattai, ambos italianos. Seu pai fazia parte do grupo de imigrantes políticos que chegou ao Brasil no fim do século XIX para fundar a célebre Colonia Cecília – tentativa de criar uma comunidade anarquista na selva brasileira. A família de sua mãe, católica, veio para o Brasil após a Abolição da Escravatura para trabalhar nas plantações de café, em São Paulo.

Aos 63 anos de idade, começou a escrever suas memórias. O livro de estréia, Anarquistas, graças a Deus, ao completar 20 anos da primeira edição, já contava mais de 200 mil exemplares vendidos no Brasil. Sua obra é composta de nove livros de memórias, três livros infantis, uma fotobiografia e um romance. Alguns de seus livros foram traduzidos para o francês, o italiano, o espanhol, o alemão e o russo.

Anarquistas, graças a Deus foi adaptado para minissérie pela Rede Globo de Televisão e as memórias, Um chapéu para viagem, foram adaptadas para o teatro.

Correio da Bahia (BA) 5/1/2008

06/01/2008 - Atualizada em 06/01/2008