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Mestre em duas áreas

 

Escritor, médico e colunista de importantes jornais brasileiros, Moacyr Scliar é referência internacional. Convidado de importantes eventos da área de saúde e literatura, ele contou, com exclusividade a A CRÍTICA, seus novos projetos e a amizade com o colega amazonense, Milton Hatoum.

Quem veio primeiro, o médico ou o escritor?

O escritor. Na verdade, o ‘escritorzinho’. Escrevo desde criança. Meu pai, que tinha pouca cultura, era um grande contador de histórias. Minha mãe, que também era contadora de histórias, era professora e lia muito. Estimulava os filhos a ler e escrever. Comecei com sete anos.

Por que a medicina?

Tinha muita curiosidade pelas doenças e medo também. Não de ficar doente, mas de que meus pais ficassem. Acabei indo para a medicina. Trabalhando com tuberculose descobri a saúde pública. Me dei conta de que não adiantava só tratar o paciente, era preciso agir na população. Quando descobri isso, foi uma revolução. Imediatamente, fiz um curso de saúde pública e trabalhei nisso toda minha vida.

Quais suas referências quanto aos escritores de Manaus?

O primeiro, claro, que é da minha geração, meu amigo, Milton Hatoum. Hoje, ele é uma referência. Em comum, tenho com ele o fato de ser filho de imigrantes. De uma certa maneira, somos a contra-partida um do outro. Ele no Norte, filho de imigrantes libaneses e eu no Sul, de judeus.

Nós temos muita coisa em comum, uma afinidade pessoal que se traduz numa amizade de longa data. Também li Peregrino Júnior, porque os escritores tinham curiosidade. O Brasil é muito grande e fica difícil acompanhar a literatura de outras regiões.

O que mudou, desde que passou a ocupar a cadeira número 31 da Academia Brasileira de Letras, em 2003?

Nada. Ser parte da Academia, que foi fundada por Machado de Assis, é uma honraria, gratificante. É uma instituição importante, mas isso não interfere em nada na minha maneira de escrever.

Como é a relação entre a Academia Brasileira de Letras e a Amazonense?

São órgãos independentes. As academias estaduais têm existência própria, são autônomas, não se trata de uma federação de academias. Não freqüento a Academia Brasileira de Letras (ABL) tanto quanto gostaria porque é longe, teria que ir de Porto Alegre ao Rio de Janeiro e só vou quando posso. Infelizmente, não estou por dentro de tudo o que acontece.

Dos mais de 70 livros que publicou, qual o favorito?

É uma pergunta difícil. É o mesmo que perguntar a um pai qual o filho ele gosta mais. Como só tenho um filho, esse problema não há. Agora, de todos os livros, tem um que tenho um carinho especial, “O Centauro no Jardim”, um dos primeiros.

A Crítica (AM) 3/3/2008

05/03/2008 - Atualizada em 04/03/2008