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Marcos Vilaça em Portugal

 

Marco Aurélio de Alcântara, jornalista

Marcos Vinicios Vilaça, outra vez, em Lisboa, que ele conhece tão bem quanto as nossas “aldeias” brasileiras – Recife, Brasília, Rio, São Paulo. Familiarizou-se com as suas praças, ruas, ruelas; e chegou até mesmo a visitar, com Maria do Carmo, um amigo exilado no Beco do Mirante, por cima do Campo de Santana, ao pé da “feira da Ladra”, nos anos 80.

Levou-o desta vez à capital alfacinha uma reunião das Academias de Ciência de Lisboa e Brasileira de Letras, das quais faz parte, sendo presidente da ABL. José Carlos Vasconcelos, editor do JORNAL DAS LETRAS E IDÉIAS, compara as duas Academias e conclui: “A ABL faz muito, faz bem, tem uma obra cada vez mais excelente. E é pena que não aconteça o mesmo em Portugal”.

Vilaça tem uma notável vocação de executivo; e por onde passa, deixa a sua marca: na presidência da Academia Pernambucana de Letras, na Secretaria de Cultura da Presidência da República, na Presidência do TCU. Ele confessa ao JL de Lisboa que é uma pessoa com pressa, sabendo que tempus fugit: “aprendi com san Juan de La Cruz que, se não há caminhos, há que caminhar”. Antônio Machado, poeta, repetia o grande santo espanhol: “caminante, no hay camino, se hace camino al andar”.

Lida com o tempo de agora e o infinito, sabendo que o amanhã é sempre um novo gênese; e, cada dia, tem a sua maldade e a sua bondade. Há que pesas as duas.

Diz que a Academia está aberta à modernidade, mas sem concessões ao modernoso; e também não é só de letras, a exemplo da Academia da França, mas de notáveis em diferentes especialidades. Ou na vida bem vivida de cada um, a serviço do Brasil e da Humanidade.

O pleitear uma cadeira na Academia é legítimo. Os que não o fizeram, ainda têm tempo. Niemeyer e Gullar foram chamados.

Presidir uma Academia de notáveis é uma servidão – continua Vilaça, na entrevista ao jornal literário português. Mas, uma “servidão jubilosa”.

Do que fez ou não fez, não cuida, agora. Deixa que as índias, como no poema de Miguel Torga, falem por ele. Torga dizia no poema de exaltação a Vasco da Gama: “Somos nós que fazemos o destino./Chegar à Índia ou não/É um íntimo designo da vontade./Os fados a favor e a desfavor./ São argumentos da posteridade”. E arrematava o poeta: “o renome é o salário do triunfo”. (Poemas Ibéricos – 1952 – 1965)

07/11/2006 - Atualizada em 07/11/2006