O debate António Vieira e Machado de Assis: gigantes da língua portuguesa reuniu, na manhã de ontem, no auditório da Casa Brasil, os acadêmicos Alberto da Costa e Silva e Antonio Carlos Secchin e os ensaístas Alcir Pécora e Marco Lucchesi. Durante duas horas de conversa descontraída, mediada pelos jornalistas Tales Faria, editor-chefe do Jornal do Brasil, e Alvaro Costa e Silva, editor do caderno Idéias & Livros, a platéia de cerca de 50 leitores convidados pelo jornal teve a oportunidade de conhecer melhor a vida e a obra dos escritores.
Especialistas em Antônio Vieira, cujos 400 anos de nascimento serão comemorados no ano que vem, Alcir Pécora e Marco Lucchesi analisaram a trajetória política e religiosa do padre português, autor dos Sermões, que passou grande parte da vida no Brasil, país que considerava a sua segunda pátria.
— Grande parte da obra de Vieira, escrita em latim, continua inédita — lembrou Pécora.
De improviso, Alberto da Costa e Silva — que preside a comissão da Academia Brasileira de Letras que cuida da programação dos 100 da morte de Machado de Assis — traçou um paralelo entre os dois estilistas da língua, de temperamentos marcadamente discrepantes.
— Um era o oposto do outro. Machado era gago, Vieira um grande orador. Machado falava baixo, Vieira gritava. Na música, o brasileiro seria um quarteto de cordas e o português, uma orquestra —¬ definiu o acadêmico.
Antonio Carlos Secchin preferiu fixar-se no romance Dom Casmurro e, em especial, na protagonista Capitu e sua suposta traição a Bentinho, narrador do romance.
O evento, primeiro de uma série promovida pelo JB, teve o apoio do Sesc-Rio e das editoras Record e Ulbra.
Jornal do Brasil (RJ) 31/10/2007
06/11/2007 - Atualizada em 06/11/2007