O Globo (16.03.2006)
O escritor maranhense Josué Montello era o mais antigo integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL). Em novembro do ano passado, Montello completou 50 anos como imortal. Foi eleito para a cadeira de número 29 com apenas 37 anos, no dia 4 de novembro de 1954.
Consagrado romancista, o acadêmico também foi jornalista e professor. Sua vastíssima obra é composta de mais de 120 livros e reúne títulos de ficção e de não-ficção em muitos gêneros. Em sua vida pública, foi presidente do Conselho Federal de Cultura e da ABL e embaixador do Brasil junto à Unesco, entre outros cargos.
Um de seus romances mais famosos, “Os tambores de São Luís” (1975), foi incluído no currículo de literatura brasileira de diversas universidades francesas, integrou a lista dos cem maiores livros de língua portuguesa do século XX, organizada pelo GLOBO, e ganhou as telas, transformado em roteiro de documentário. O escritor teve obras transpostas para o cinema e romances traduzidos para o inglês, francês, espanhol e sueco. Ele recebeu mais de dez prêmios.
O autor nasceu em 21 de agosto de 1917 em São Luís, cenário recorrente em sua obra. “Eu não saio de São Luís - apesar de ter saído pelo mundo e até vivido em Paris - porque fui um menino feliz por aqueles becos e ladeiras”, disse em entrevista publicada em 1978.
Montello foi diretor-geral da Biblioteca Nacional, nomeado em 1947, responsável por várias melhorias na instituição. Também exerceu a direção do Serviço Nacional do Teatro.
Em 1946, fez o plano da reforma do ensino primário e normal do estado do Maranhão, que depois foi transformado em lei. De 1954 a 1990, foi colaborador permanente do “Jornal do Brasil”. Também colaborou com a empresa Bloch, principalmente na “Manchete”. Em 1956, exerceu o cargo de subchefe da Casa Civil do presidente Juscelino Kubitschek, de quem foi amigo.
Josué Montello morreu às 20h30m de ontem, na Casa de Saúde São José, de insuficiência cardíaca decorrente de uma pneumonia. O acadêmico faria 89 anos este ano e estava internado desde agosto de 2004. O corpo do acadêmico será velado hoje, a partir das 8h30m, na Academia Brasileira de Letras. De lá, segue às 17h para o jazigo da família, no Cemitério São João Batista. Josué Montello deixa duas filhas, cinco netos e quatro bisnetos.
22/05/2006 - Atualizada em 21/05/2006