Bianca Tinoco
Jornal do Commercio (26.09.2003)
O jornalista e escritor Cicero Sandroni tornou-se ontem à tarde o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras, eleito por unanimidade, com 36 votos. Depois de vencer nas urnas os candidatos Felisbelo da Silva, Marylena Barreiros Salazar, Marco Aurélio Lomônaco Pereira e Jorge Tannuri, Cicero assume a cadeira número 6, vaga desde a morte do jurista Raymundo Faoro e que foi ocupada também pelo jornalista Barbosa Lima Sobrinho.
- Foi extraordinária a unanimidade. É o reconhecimento dos méritos do candidato, comprovados na qualidade de seus livros e no seu trabalho jornalístico. Cicero chega à Academia com bagagem que o honra - disse Mauricio Dinepi, presidente do Jornal do Commercio, de cuja redação o novo imortal foi diretor-adjunto até recentemente.
De acordo com o presidente da ABL, Alberto da Costa e Silva, Cícero Sandroni é o quinto imortal eleito por unanimidade. O primeiro foi João Cabral de Melo Neto, em agosto de 1968, seguido por Antonio Houaiss, em abril de 1971, Lêdo Ivo, em novembro de 1986, e o próprio Costa e Silva, em setembro de 2000. "Cicero é um grande jornalista, tem uma obra literária respeitável e é uma pessoa encantadora. A capacidade de conviver é um dos talentos dele, fundamental para o futuro da Academia", elogia Costa e Silva.
- A unanimidade é a realização de um objetivo, de colaborar com a Academia. Sinto-me muito honrado com a conquista de todos os votos, mas isso é também um recado da ABL de que terei muito trabalho pela frente - disse Cicero Sandroni.
Autor de sete livros, e preparando um volume sobre os 175 anos do Jornal do Commercio, Cicero já era aclamado pelos acadêmicos como "candidato da casa" durante as inscrições para a cadeira que foi ocupada por Raymundo Faoro.
- Cicero já é mesmo de casa - confirmou o acadêmico Sábato Magaldi durante o coquetel de comemoração pela vitória do jornalista. "Toda unanimidade é imprevisível, mas não havia razão para esta não acontecer. Acredito que ele terá muita iniciativa na Academia", continuou Magaldi.
Freqüentador da Academia há 50 anos
A acolhida não ocorreu à toa: Sandroni freqüenta a ABL há 50 anos e colabora com a Academia desde então - uma relação reforçada por seu casamento com a escritora Laura Sandroni, filha de Austregésilo de Athayde, então presidente da casa. O jornalista pareceu aos acadêmicos a escolha mais natural para substituir Faoro, uma vez que os dois foram companheiros no conselho diretor da Academia Brasileira de Imprensa, onde Cícero assessorou Barbosa Lima Sobrinho durante 15 anos.
- Achei o resultado justíssimo, porque a candidatura de Cicero era esperada pela casa, que precisa de acadêmicos que trabalhem por ela. Cicero com certeza lutará pela Academia. Sempre torci pela unanimidade - afirmou o secretário geral da diretoria da ABL, Ivan Junqueira.
Cícero Sandroni foi o quarto imortal escolhido neste ano, depois da escritora de livros infantis Ana Maria Machado, do crítico literário Alfredo Bosi e do romancista Moacyr Scliar. A posse está prevista para o final de novembro, pouco antes do recesso da ABL, a partir de 11 de dezembro. A próxima votação será pela cadeira número 39, vaga com a morte do jornalista Roberto Marinho, em 5 de agosto. Os candidatos serão confirmados a partir de 12 de outubro, quando terminarão as inscrições, e a eleição ocorrerá somente em 2004.
05/06/2006 - Atualizada em 04/06/2006