No episódio do podcast “Conversas Imortais” que entrou no ar nesta quinta-feira, o escritor e poeta Ferreira Gullar conta como se envolveu com a poesia moderna, além de fatos históricos que marcaram sua vida.
O episódio está no canal do Youtube da ABL, no link: https://youtu.be/SNZ_bvx2RTg?si=4HpmTwc77XU54jvo, e nos principais aplicativos de áudio, como Spotify, Amazon Music e Deezer, entre outros.
“Quando comecei a ler sobre os poetas modernos, brasileiros e estrangeiros, comecei a formar um conceito de poesia próprio, e foi isso que me levou a mudar minha poesia e a entrar pelo um caminho inesperado, que terminou com a implosão da linguagem verbal”.
Sua relação com a escrita começou quando uma professora de português pediu que escrevesse uma redação sobre o dia do trabalho. Gullar escreveu um texto que começava dizendo “No dia do trabalho, ninguém trabalha”. A professora achou engraçado e inteligente e disse que só não daria 10 porque havia dois erros de gramática.
O poeta fala também sobre sua entrada na ABL. Segundo ele, grande parte do estímulo veio dos seus amigos.
“A minha cabeça sempre foi outra, nunca fui uma pessoa com espírito institucional. Mesmo quando participei dessas instituições, eu era fora das normas, não me enquadrava direito, muito menos em instituições.
Mas Gullar conta que os anos foram passando e a Academia mudando, assim como o seu espírito acadêmico, muito distante de quando começou a escrever no Maranhão.
“À medida que eu fui conhecendo e que amigos meus foram entrando para a Academia Brasileira de Letras, eu vi que ela, como instituição, se tornara outra coisa. Uma coisa que eu verifiquei ao entrar éque ela é muito mais popular do que a gente imagina”.
Sobre o podcast
“Conversas Imortais” compila, em cada episódio, trechos dos depoimentos de vida que os Acadêmicos gravam quando se elegem, que fazem parte do arquivo Múcio Leão. Alguns deles têm mais de quatro horas, que foram editados para 40, 50 minutos, onde se ouve o melhor de cada depoimento daqueles que marcaram a literatura e a cultura no Brasil e se conhece melhor suas influências, opiniões, gostos e até mesmo algumas excentricidades. E aí se entende por que a memória e o legado dessas pessoas continuam imortais.
No primeiro episódio, Lygia Fagundes Telles contou histórias de sua infância, do relacionamento conturbado com o pai jogador que perdeu todo o dinheiro da família, falou de seus livros, da militância política na Faculdade de Direito, “único curso que não ensinava matemática”, da amizade com Rachel de Queiroz e de sua entrada na ABL.
No segundo episódio, é possível conferir algumas curiosidades de Rachel de Queiroz, que foi também escritora de contos de terror, e de trágicos assassinatos.
No terceiro episódio, Cleonice Berardinelli conta que viveu rodeada pela arte, mas foi fisgada pelo ofício da educação na sua infância. Para Dona Cléo, como era conhecida, ensinar também era uma forma de transformar o mundo.
07/11/2024