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ABL na mídia - O Globo - Lilia Schwarcz é eleita para a cadeira 9 da Academia Brasileira de Letras

 

A antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz foi eleita, nesta quinta-feira (7), para a cadeira 9 da Academia Brasileira de Letras. Ela sucede o diplomata, poeta e historiador Alberto da Costa e Silva, falecido em novembro do ano passado. A Professora sênior do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo e atualmente Visiting Professor em Princeton confirmou seu favoritismo e superou o diplomata e escritor Edgar Telles Ribeiro por 24 votos a 12. Houve ainda duas abstenções.

— Não é segredo para ninguém que essa minha candidatura é em honra ao Dr. Alberto da Costa e Silva , para mim faz um imenso sentido entrar na vaga dele — diz Schwarcz . — Ele era meu pai espiritual, meu pai intelectual, meu pai afetivo. Gostaria muito de seguir os seus passos e cuidar, em primeiro lugar, da memória. Vasculhar os arquivos como ele fazia e contar uma história mais múltipla. A ABL é fundamental para a memória do país.

Schwarcz destacou o simbolismo de ter sido eleita um dia antes do Dia Internacional da Mulher.

— Como antropóloga, acredito muito na eficácia simbólica — diz ela. — Sabemos que o voto feminino tardou na ABL, como em tudo. Somos poucas ainda. Acho que a gente pode incluir, sem excluir ninguém. Há uma memória feminina para ser trabalhada. É uma imensa responsabilidade para mim.

A acadêmica Heloisa Teixeira comemorou a eleição de mais uma mulher para o quadro da ABL.

— Estou muito feliz — diz Teixeira. — A bancada de mulheres está aumentando e Lilia vai aprontar!

Nascida em São Paulo, em 1957, Schwarcz tem mais de 30 livros publicados. Com uma vasta produção acadêmica, abordou ao longo da carreira temas como a história do Brasil colonial, a escravidão, a cultura popular e as questões raciais.

Seu livro "As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos" ganhou o prêmio Jabuti de Livro do Ano, em 1999. Dirigiu a coleção "História do Brasil Nação em seis volumes" (Objetiva/ Fundação Mapfre), sendo três deles indicados para o Jabuti. Fruto de dez anos de pesquisa, o seu "Lima Barreto - Triste visionário", investiga as origens e a trajetória do trágico autor brasileiro, morto em 1922, sob a ótica racial.

— Um trauma que o Brasil precisa enfrentar é a questão racial — disse ela, em entrevista ao GLOBO em 2022. — Enquanto parte da sociedade brasileira tiver uma imaginação europeia, se perceber tão francesa, tão norte-americana, enquanto não introduzirmos o ensino sobre a África (nas escolas), não nos resolveremos.

Algumas de suas obras mais recentes incluem "Sobre o autoritarismo", "Quando acaba o Século XX" e "A Bailarina da Morte: A Gripe Espanhola no Brasil", publicados respectivamente em 2018, 2019 e 2020.

Um dos grandes desafios para os historiadores, de acordo com Schwarcz, é a limitação dos arquivos históricos, que tendem a excluir minorias importantes para a formação do país.

— Nossa historiografia é colonial, masculina, sudestina e cheia de silêncios — definiu Schwarcz, em uma palestra na Feira Literária Internacional de Paraty de 2022. — Dizem: "Você é historiadora, então, deve ser ótima de memória". Respondo: "Não, porque a história lembra um pouquinho e esquece muito, sobretudo a população negra e as pessoas fora dos espaços de poder.

Em 2022, ela lançou “O sequestro da Independência”, em que analisa imagens icônicas dos momentos derradeiros do Brasil Colônia e seu uso posterior por governos de caráter autoritário.

Presidente da ABL, Merval Pereira diz que a Academia está trazendo "uma grande historiadora" para suprir a lacuna após a morte de Alberto Costa e Silva e José Murilo de Carvalho.

— Não é uma vaga de historiador, pois não temos aqui vagas de historiadores — disse Merval. — Mas é importante manter a nossa tradição de termos os maiores historiadores brasileiros. Lilia já chega com uma tarefa, que é dar continuidade à iconografia de Machado de Assis. Queríamos mais mulheres, porque perdemos recentemente várias de nossas confreiras e tínhamos uma dívida com a representatividade da mulher.

O acadêmico Domício Proença Filho considera que a eleição de Schwarc será de "grande importância" para a ABL:

— Ela dará uma contribuição muito grande a diversos temas importantes e também para os problemas com os quais Alberto da Costa e Silva se importava.

Matéria na íntegra: https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2024/03/07/lilia-schwarcz-e-eleita-para-a-cadeira-9-da-academia-brasileira-de-letras.ghtml

 

 

 

 

 

 

 

08/03/2024