A Academia Brasileira de Letras elegeu, quinta-feira, dia 9 de março, o novo ocupante da Cadeira 37, na sucessão do Acadêmico e poeta Ferreira Gullar, falecido no dia 4 de dezembro do ano passado. O vencedor foi o historiador e professor Arno Wehling, que obteve 18 votos. Votaram 23 Acadêmicos presentes e 11 por cartas. O poeta Antonio Cícero, recebeu 15 votos. E foi registrado um voto em branco.
Os ocupantes anteriores da cadeira 37 foram: Silva Ramos (fundador) – que escolheu como patrono Tomás Antônio Gonzaga –, Alcântara Machado, Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand, João Cabral de Melo Neto e Ivan Junqueira.
Saiba mais:
Arno Wehling é graduado em História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil e em Direito pela Universidade Santa Ursula, tendo doutorado em História e Livre Docência em História Ibérica, ambos pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado pela Universidade do Porto.
Sua atividade intelectual como historiador e ensaísta desenvolve-se preferencialmente nos campos da epistemologia das ciências humanas/história, da história das ideias políticas e jurídicas e da história do direito/instituições.
No primeiro enfoque possui trabalhos sobre as relações entre a filosofia da ciência e o conhecimento histórico, o historicismo, o problema da objetividade histórica, o humanismo renascentista e sobre aspectos epistemológicos relacionados à história nas obras de Ranke, Tocqueville, Kant, Goethe, Nietzsche e Ortega y Gasset e, no caso brasileiro, nas de Varnhagen, Capistrano de Abreu e Silvio Romero.
Os campos da história das ideias políticas e jurídicas e da história do direito/instituições se complementam na abordagem que faz do problema da estrutura de poder e suas configurações politico-jurídicas, resultando em estudos e pesquisas sobre a organização político-administrativa do estado colonial e sua justificativa no plano do discurso politico-filosófico e jurídico, a questão do Reino Unido e a independência, o papel do IHGB e da historiografia na consolidação do projeto político do Estado imperial e questões relativas aos direitos e à organização estatal em textos constitucionais vitoriosos e derrotados do século XIX.
Toda sua atividade profissional centrou-se na Universidade, onde exerceu a docência, pesquisa e gestão. Tornou-se professor Titular de Teoria e Metodologia da História da UFRJ e de História do Direito e das Instituições da Unirio, desta sendo Professor Emérito. Como docente e pesquisador, atuou na implantação e desenvolvimento dos Programas de Pós-graduação em História da UFRJ e Unirio e dos cursos de graduação em Arquivologia, Pedagogia, Direito e História da última. Foi também docente nos Programas de Pós-graduação em Direito e Filosofia da UFRJ e em Direito das Universidades Gama Filho e Veiga de Almeida.
Professor visitante das Universidades de Lisboa (Clássica) e Portucalense, Arno Wehling, na gestão universitária, foi chefe de departamento e decano do centro de Ciências Humanas da Unirio e chefe de departamento, decano e reitor da UGF.
No âmbito das academias, é membro desde 1976 do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, cuja presidência atualmente exerce, de academias ibero-americanas de história (Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Venezuela, Portugal e Espanha), da Academia das Ciências de Lisboa, de institutos históricos brasileiros e das Academias Carioca e Catarinense de Letras. Desde 1981 pertence ao PEN Clube.
Também é membro de conselhos editoriais de periódicos especializados no Brasil e no exterior, do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio e do Conselho Consultivo do IPHAN.
É autor de livros, capítulos de livros, verbete sem obras de referência, conferências e comunicações em anais de eventos científicos, edição crítica de textos e artigos em periódicos especializados.
Livros Publicados
Os níveis da objetividade histórica; Administração portuguesa no Brasil, 1777-1808; A invenção da história: estudos sobre o historicismo; Formação do Brasil Colonial – com Maria José Wehling; Pensamento político e elaboração constitucional; Estado, história, memória – Varnhagen e a construção da identidade nacional; Documentos Históricos brasileiros; Direito e justiça no Brasil colonial – o Tribunal da Relação do Rio de Janeiro – com Maria José Wehling; De formigas, aranhas e abelhas – Reflexões sobre o IHGB.
09/03/2017