"Versalhes ou a Bastilha: que França nutre o imaginário brasileiro?". O questionamento foi o tema central da palestra do professor Didier Lamaison que abriu o ciclo "A França volta ao Petit Trianon", na manhã desta segunda-feira, dia 20 de julho, na ABL, no Rio.
Lamaison classificou o título como “racoleur”, ou seja, sedutor. Assim, em ritmo musical, o intelectual francês, tradutor de Machado de Assis e Ferreira Gullar, entre outros, convidou o público a dançar "uma valsa em três tempos", a fim de descobrir que "França" contribuiu na formação da identidade cultural brasileira ."Na França há um ditado que diz que tudo acaba em música. Música e literatura são muito próximas e vocês brasileiros sabem bem disso", afirmou.
O professor comparou a cultura francesa a "um albergue espanhol' e a uma "Festa de Babette”, no qual cada hóspede chega com o seu próprio prato, trazendo aquilo que irá consumir, para em seguida dividir o que tem, trocar idéias, refletir.
Lamaison destacou a relevância da figura feminina na literatura e na cultura francesa citando Joana D’Arc, Marie Antonieta, Cocco Chanel e George Sand. É exatamente esta França feminina que habita o imaginário brasileiro por ser ela misteriosa, generosa e bela. No final, o presidente da ABL, Cícero Sandroni e Lamaison brincaram sobre a identidade do ‘Petit Trianon’. O verdadeiro estaria em Versallhes ou na Academia Brasileira de Letras?.
A segunda palestra do dia com o filósofo Emmanuel Renault sobre Teoria Crítica, girou em torno das perspectivas do neoliberalismo e do mundo contemporâneo. “Vivemos todo o tempo sob o efeito da crise, como se o fordismo não tivesse deixado seu lugar para o neoliberalismo”, afirmou. O filósofo francês citou o sociólogo Pierre Bourdier e a Escola de Frankfurt para dizer que o pensamento crítico hoje precisa voltar o seu olhar para os excluídos a fim de criar um novo discurso.
As conferências foram abertas ao público.
O evento teve tradução simultânea e serão fornecidos certificados de frequência.
Houve transmissão ao vivo pelo Portal da ABL.
Saiba mais
Programação
2ª feira – 20 de julho
10h – “A França e o imaginário brasileiro” (Versailles ou La Bastille: quelle France a nourri l’imaginaire brésilien)
Didier Lamaison – Eleito este ano sócio correspondente da ABL, é Professor de Letras Clássicas, escritor, ensaísta, tradutor e dramaturgo. Tradutor de Machado de Assis, Augusto dos Anjos, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Fernando Pessoa e letras de Caetano Veloso e Chico Buarque.
11h20 – “Teoria crítica” (Où est la théorie critique?)
Emmanuel Renault – Professor de Filosofia na Universidade de Lyon. Entre seus livros publicados na França: Souffrances sociales (La découverte, 2008).
3ª feira – 21 de julho
10h – “Francofilia” (Commment peut-on être francophone?)
Xavier North – Linguista e Delegado Geral da Língua Francesa do Ministério da Cultura e das Comunicações da França.
11h20 – “O francês e o português entre as línguas românicas” (Le Français et le Portugais parmi les langues romanes)
Henriette Walter – Linguista e professora na Universidade Haute-Bretagne em Rennes,
Membro do Conceil International de la Langue Française, é conhecida internacionalmente como uma das maiores especialistas em Fonologia. É autora de Aventura das línguas no ocidente (Mandarim Editora 2001).
4ª feira – 22 de julho
10h – “Ficção teórica” (Fiction Thèorique)
Henri-Pierre Jeudy – Sociólogo. Pesquisador e professor do Centre de la Recherche Scientifique e do Laboratório de Antropologia das Instituições e das Organizações Sociais. Autor de obras sobre o pânico, o medo, a catástrofe, as memórias coletivas e os patrimônios. Ente seus livros publicados: O corpo como objeto de arte (Estação Liberdade, 2002), Le Désir de catastrophe (Aubier, 1990).
11h20 – “O Brasil e o ‘modelo’ francês” (Le Brésil et le ‘modèle’ français)
Pierre Rivas – Professor Emérito de Literatura Comparada na Universidade Paris X. Tradutor e autor do primeiro estudo sistemático sobre a presença do Brasil e de Portugal nas letras francesas de 1880 a 1935, publicado no Brasil com o título “Encontro entre literaturas: França, Portugal e Brasil”.
5ª feira – 23 de julho
10h – “Imprensa e livrarias de origem francesa” (Perdition et découverte: presse et librairies d’origine française)
Jacqueline Penjon – Professora de Língua, Literatura e Civilização Brasileira na Universidade Paris III. Autora da tese “Ser professor de português em Paris”.
11h20 – “A História, representação do passado e medida do tempo” (L’Histoire, reprèsentation du passé et mesure du temps)
Roger Chartier – Diretor da École des Hautes Études em Sciences Sociales, em Paris, Professor especializado em história cultural e história da leitura. Entre seus livros publicados no Brasil: História da vida privada (Cia das Letras, 2009); Inscrever e apagar (UNESP, 2007), Do palco a página (Casa da Palavra, 2002).
20/7/2009
21/07/2009 - Atualizada em 20/07/2009