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Morre o gramático Evanildo Bechara

 

O Acadêmico, escritor e gramático Evanildo Bechara morreu na noite desta quinta-feira (22), no Rio de Janeiro, aos 97 anos, de falência múltipla de órgãos. Ele estava internado no Hospital Placi, em Botafogo. O velório será amanhã, na ABL, em horário ainda a ser determinado.

Bechara é uma referência no campo da linguística e da gramática do português. Sua obra e sua atuação institucional consolidaram seu legado como um dos maiores estudiosos da língua portuguesa no Brasil e no mundo lusófono.

Bechara foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2000, ocupando a cadeira nº 33, sucedendo Afrânio Coutinho, e tomou posse em 2001. Na ABL, atuou como Diretor Tesoureiro e Secretário-Geral, além de presidir a Comissão de Lexicologia e Lexicografia, contribuindo para importantes publicações como o Dicionário da Língua Portuguesa e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Também criou a Coleção Antônio de Morais Silva, dedicada a estudos da língua portuguesa.

O presidente da ABL, Merval Pereira, lamentou a morte do Acadêmico e ressaltou que Bechara era um professor generoso e uma pessoa íntegra e cordial”.

“Evanildo Bechara era o maior especialista em língua portuguesa, com fama que ultrapassa nossas fronteiras. Foi o representante brasileiro na reforma ortográfica feita com Portugal.” Bechara foi também membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Galega da Língua Portuguesa, e recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra. Sua influência se estende a várias gerações de linguistas e estudantes, tendo sido um professor exemplar e um pesquisador dedicado até idade avançada, mantendo viva a tradição e o estudo da língua portuguesa no Brasil.

Trajetória

Bechara nasceu no Recife (PE), em 26 de fevereiro de 1928. Aos onze para doze anos, órfão de pai, transferiu-se para o Rio de Janeiro, a fim de completar sua educação em casa de um tio-avô. Desde cedo mostrou vocação para o magistério, que o levou a fazer o curso de Letras, modalidade Neolatinas, na Faculdade do Instituto La-Fayette, hoje UERJ, Bacharel em 1948 e Licenciado em 1949.

Mestre da Língua Portuguesa, Bechara formou gerações de professores. Teve uma carreira acadêmica de destaque, sendo professor titular e emérito de instituições como a Uerj, a UFF, e universidades internacionais como a de Coimbra, em Portugal, e de Colônia, na Alemanha.

Entre centenas de artigos, comunicações a congressos nacionais e internacionais, escreveu livros que já se tornaram clássicos, pelas suas sucessivas edições.

Formado em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 1948, iniciou sua carreira como professor de Língua Portuguesa no Colégio Pedro II em 1954. Em 1960, foi eleito para a Academia Brasileira de Filologia, e em 1962 assumiu a cadeira de Filologia Românica na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UERJ. Entre 1961 e 1962, aprofundou seus estudos na Universidade de Madri, na Espanha, sob orientação do filólogo Dámaso Alonso. Em 1968, concluiu seu doutorado pela UERJ, instituição onde foi professor titular e emérito, além de também lecionar na Universidade Federal Fluminense (UFF) entre 1975 e 1992.

Sua produção acadêmica é vasta e influente. Entre suas obras clássicas, estão: a Moderna Gramática Portuguesa, em sua 37ª edição, Gramática Escolar da Língua Portuguesa e Lições de Português pela Análise Sintática. Bechara é reconhecido por valorizar a diversidade linguística e por defender que a norma culta deve ser usada conforme o contexto social, adotando uma postura que respeita as variações da língua.

22/05/2025