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ABL na mídia - Nexo Jornal - Um poeta pop: 5 letras de Antonio Cícero que você cantarola

 

Você provavelmente já se pegou andando na rua com uma letra de Antonio Cícero na cabeça. “Talvez eu seja o último romântico…” na voz de Lulu Santos. “Meu amor, se você for embora…” na voz de Marina Lima, que era, inclusive, sua irmã.

Poeta, escritor e crítico literário, Antonio Cícero morreu na manhã desta quarta-feira (23) na Suíça. Ele enfrentava o mal de Alzheimer. Aos 79 anos, decidiu se submeter a um procedimento de suicídio assistido, permitido no país europeu.

Em carta, o carioca escreveu: “Como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo. Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade”.

Antonio Cícero deixou ensaios, livros de poemas, coletâneas e dezenas de letras de músicas pop. “Foi um grande poeta, em livro e em letra de canção. Era um dos que sabiam que letra de música pode ser boa poesia, e que alguns poemas não têm poesia nenhuma. Isto é, não hierarquizava essas coisas. Letra de música ou poema? Tanto faz. O que importava para ele era que a poesia viesse à tona. Gosto do hedonismo reflexivo dos seus poemas e gosto especialmente do seu primeiro livro, ‘Guardar’”, disse ao Nexo o poeta e escritor Fabrício Corsaletti, vencedor do Livro do Ano do prêmio Jabuti de 2023 com “Engenheiro Fantasma”.

“O Brasil canta o poeta Antonio Cicero, às vezes sem saber que canta mas certo de que ama, há quase meio século. Não que seja necessário saber para gostar. Nem que gostar, sabendo, seja amar. Há paixão em tudo que AC escreveu, e a paixão é muito rara. Séculos virão e ainda conservados por seus versos, vamos continuar cantando”, disse ao Nexo Bruna Beber, poeta, escritora e compositora, autora de “Veludo Rouco”, entre outras obras.

 
‘Último romântico’

Este trecho é especialmente bonito, em que se destaca o “hedonismo reflexivo” descrito por Corsaletti em seu comentário acima.

“Me dá um beijo, então Aperta minha mão Tolice é viver a vida assim sem aventura Deixa ser Pelo coração Se é loucura então melhor não ter razão”

‘À francesa’

O sucesso na voz da irmã Marina Lima é uma parceria com Claudio Zoli. O jogo de sedução da letra inclui uma referência ao livro do poeta francês Charles Baudelaire de 1860, “Paraísos artificiais”.


“Meu amor não vai haver tristeza
Nada além de fim de tarde a mais
Mas depois as luzes todas acesas
Paraísos artificiais
E se você saísse à francesa
Eu viajaria muito mais, muito mais”


‘Maresia’

Na voz de Adriana Calcanhotto, o lamento do narrador que viu o amor ir embora parece até alegre diante das possibilidades de um mundo em que há um “amor em cada porto”.


“Ah, seu fosse marinheiro
Seria doce o meu lar
Não só o Rio de Janeiro
A imensidão e o mar
Leste, oeste, norte, sul
Onde um homem se situa
Quando o Sol sobre o azul
Ou quando no mar há Lua
Não buscaria conforto
Nem juntaria dinheiro
Um amor em cada porto
Ah, se eu fosse marinheiro
Não pensaria em dinheiro
Um amor em cada porto
Ah, se eu fosse marinheiro”

‘Grafitti’

A letra feita em parceria com o também poeta Waly Salomão ganhou corpo na voz de Caetano Veloso num resultado inundado de uma estética sintética.


“Jogo rápido, língua ligeira, olhos arregalados
Passam o meu e o seu nomes ligados
Por uma seta de Cupido, filho de Afrodite
O nosso amor é um coração colossal de grafitti
Nos flancos de um trem de metrô”

‘Fullgás’

Poetas também vivem de trocadilhos. E aqui a letra — “tudo em você é fullgás” —, cantada também por Marina Lima, vale-se da semelhança entre a expressão “full gas” (cheio de gás, numa tradução livre) com a palavra fugaz.


“Meu mundo você é quem faz
Música, letra e dança
Tudo em você é fullgás
Tudo você é quem lança
Lança mais e mais”

Matéria na íntegra: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2024/10/23/musicas-do-poeta-antonio-cicero
 

24/10/2024