A Academia Brasileira de Letras promoveu, nos dias 20 e 27 de outubro, o Ciclo de Leituras Dramatizadas - "Carlota Joaquina: duas visões de palco". No primeiro dia, a leitura que abriu o Ciclo trouxe ao público "Carlota Joaquina", de R. Magalhães Jr., com interpretação de Marieta Severo e direção de Aderbal Freire Filho.
A segunda peça, "Carlota Rainha", no dia 27, de autoria de Roberto Athayde e sob direção de Dudu Sandroni, teve Stella Miranda encarnando Carlota Joaquina. O evento integrou as comemorações dos 200 anos da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil.
Cada uma das leituras teve seu próprio ponto de vista. Uma escrita nos anos 40 (R. Magalhães Jr.) e outra escrita nos anos 80 (Roberto Athayde). Ambas perpassadas de um humor irônico, mas cada uma com uma visão diversa sobre a princesa espanhola. As duas atrizes convidadas já interpretaram Carlota Joaquina no passado: Marieta Severo, no cinema - “Carlota Joaquina, princesa do Brasil” (1995), de Carla Camurati -, e Stella Miranda, no teatro - “Império” (2007), de Miguel Falabella.
O evento teve a concepção e a coordenação do escritor e ator Sérgio Fonta e o patrocínio da Petrobras.
O portal da ABL transmitiu ao vivo as duas peças do ciclo.
Saiba Mais
Carlota Rainha é uma peça histórica, perpassada por um humor irônico, que situa sua ação no período imperial de 1808 a 1821 e coloca José Presas, uma espécie de secretário particular de Carlota Joaquina, como seu narrador. Quando a corte portuguesa emigrou para o Brasil, Carlota, esposa do Príncipe Regente D. João, teve sua família aprisionada por Napoleão Bonaparte. Seus pais eram os reis da Espanha e seu irmão o príncipe herdeiro. As colônias espanholas vizinhas ao Brasil ficaram acéfalas e a ambiciosa princesa concebeu o projeto de ser proclamada regente em Buenos Aires. Para isso, contratou o serviço de um advogado catalão (José Presas) que, posteriormente, escreveu um livro denunciando a princesa: Memórias Secretas da Princesa do Brasil, editado em 1831. Foi escrita por Roberto Athayde em 1985 e publicada pela Editora Agir em 1994.
Carlota Joaquina, uma das peças mais célebres e bem sucedidas do dramaturgo e acadêmico R. Magalhães Jr, teve sua estréia nacional em 1940, no Teatro Rival sendo um êxito absoluto, representada por 205 vezes consecutivas, fato raro nos palcos daquela época. Foi também um dos maiores sucessos do repertório da Cia. Jayme Costa, sendo remontada em 1948 com Heloisa Helena interpretando Carlota Joaquina e arrebatando todos os prêmios da temporada.
É uma comédia divertida, repleta de ironia, que aborda o período do Brasil-Imperial em que a voluntariosa princesa pretende apossar-se do vice-reinado do Prata e sagrar-se rainha da América espanhola, culminando com a partida de toda a Corte para Lisboa. O Autor traça um perfil irônico e implacável de Carlota, mas poupa D. João VI, que, nesta peça, é apresentado como um realizador de feitos significativos para o Brasil e com algum olhar crítico sobre as atitudes de sua destemperada esposa.
27/10/2008
26/10/2008 - Atualizada em 26/10/2008