Aos 88 anos, o historiador, embaixador e Acadêmico Alberto da Costa e Silva recebeu os produtores Stéphanie Malherbe e Ricardo Vilas para “abrir o livro de sua vida e trajetória”. Com a discrição do diplomata e o humor fino do poeta, Alberto da Costa e Silva fornece neste filme um depoimento único sobre sua carreira, suas viagens e a importância da África no Brasil.
Percurso
O Acadêmico Alberto da Costa e Silva conta sobre sua infância em Fortaleza, quando ia para a escola montado num carneiro, as brincadeiras com as crianças do bairro e pelo mundo imaginário encarnado por seu pai, o poeta Antônio da Costa e Silva. Relata a força de sua mãe, que trazia a marca das mulheres da sua família.
Trailer: “Alberto da Costa e Silva - Filho da África”
O documentário também aborda a adolescência no Rio de Janeiro, na Tijuca, onde a família se instala, pois sua mãe acredita que essa mudança propiciaria um futuro melhor para o filho. E trata, ainda, da escolha de Alberto pela carreira diplomática para “vingar seu pai”, que, antes dele, teve seu ingresso recusado na diplomacia. Mas essa escolha também foi justificada por seu gosto pela aventura, pelo desconhecido e pelo distante.
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É uma alegria falar sobre Alberto da Costa e Silva, um homem incomum, singular... Eu diria que é um mestre. Um mestre da cultura, do pensamento... Um mestre da vida."
Alberto da Costa e Silva e a África
O Acadêmico Alberto da Costa e Silva é, reconhecidamente, no Brasil, o maior especialista em África, em razão de sua sede insaciável de procurar e entender as raízes do Brasil. Aos 14 anos, sendo um jovem branco e de classe média, tomou um choque ao ler Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, descobrindo que nós, brasileiros, éramos negros. “Mas, então, de onde viemos?” - perguntava-se, pois todos os escritos que encontrava traziam relatos mencionando negros já chegados ao Brasil, como se nascessem no próprio navio negreiro e não tivessem um passado, uma história ou uma cultura por trás de cada um. Era como se a África, de onde vinham, não existisse.
Alberto vai pesquisar, sem descanso, a História das Áfricas, porque “sem a África não existiria o Brasil”, tornando-se, assim, um pioneiro no Brasil dos estudos africanos.
O documentário
Além dos depoimentos de Alberto da Costa e Silva, o filme conta com testemunhos de intelectuais e pesquisadores, como Nélida Piñon, Franklin Martins, Muniz Sodré e Lilia Schwarcz, e de artistas, como Haroldo Costa, Nei Lopes e Martinho da Vila.
“Alberto da Costa e Silva - Filho da África” teve sua primeira exibição pública no dia 6 de agosto, às 15h30, no Teatro R. Magalhães Jr., na Academia Brasileira de Letras. O evento contou com a participação do cineasta e Acadêmico Carlos Diegues, que coordena as ações de cinema na ABL.
23/07/2019