Posse de Ivan Junqueira

Poeta ocupa cadeira de poeta - ABL elege Ivan Junqueira para a vaga de João Cabral de Melo Neto

Paulo Vasconcellos

O poeta, ensaísta e tradutor Ivan Junqueira, de 65 anos, foi eleito ontem para a Academia Brasileira de Letras. Ivan Junqueira teve 32 votos. Dois acadêmicos se abstiveram de votar: Jorge Amado e Afrânio Coutinho estão doentes e não mandaram representante nem resposta à consulta da ABL. Três votaram no poeta cearense Artur Eduardo Benevides, de 76 anos. Dezoito acadêmicos compareceram à sessão.

Ivan Junqueira marcou a posse para o dia 7 de julho. Ele escolheu a data por três motivos: quer tempo para descansar da campanha, espera que o dia esteja frio para que o fardão fique mais confortável e conta com a presença de um amigo especial, o marquês de Fronteira e Alorna, em Portugal, Fernando Mascarenhas.

O poeta, ensaísta e tradutor vai ocupar a cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras. O lugar estava vago desde 9 de outubro do ano passado com amorte do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto. "Terei uma posse muito especial porque poderei falar de João Cabral de Melo Neto, nosso maior poeta da segunda metade do século", disse Ivan Junqueira, ontem, enquanto recebia a visita de 15 acadêmicos, numa comemoração no amplo apartamento emprestado pelo amigo poeta Afonso Félix de Souza, no Parque Guinle, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio.

Ivan Junqueira já publicou 27 livros. O próximo, Baudelaire, Eliot e Dylan Thomas: três visões da modernidade, reunindo em 200 páginas ensaios sobre os três poetas, sai em agosto pela Editora Record. Ele já havia concorrido a uma vaga na academia, antes. Perdeu para o diplomata Afonso Arinos de Melo Franco, em julho do ano passado por 23 votos a 15 ao disputar a cadeira que era do filólogo Antonio Houaiss.

Na véspera da eleição, Ivan Junqueira já contava com 26 cartas de voto nas mãos. "Espero ter entre 32 a 34 votos", estimou. Ontem, já depois de eleito, o poeta tentava desfazer a imagem de euforia da véspera. "Me sinto como qualquer eleito: muito bem. Ainda mais numa disputa tão acirrada em que fui escolhido de maneira expressiva", disse.