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Artigos

  • Democracia, o novo nome da paz

    Jornal do Commercio (RJ),, em 16/10/2009

    Mais que a surpresa do próprio contemplado, o que espanta é a reação pelo recebimento do Nobel da Paz por Obama. Ao lado do aplauso, amplia-se um equívoco, entre mesquinho e ingênuo, para não se falar no prematuro da outorga do prêmio pelo Presidente americano. A distinção não tem nada de nostálgica, nem de outorga de uma honraria a um militante egrégio da luta pela paz. Mesmo porque esta se altera fundamentalmente hoje por uma nova e radical visão do que seja, após as hegemonias duras, um tempo das diferenças e de sua coexistência, num horizonte democrático aberto.

  • Direitas corruptas, esquerdas estéreis

    Jornal do Brasil,, em 14/10/2009

    O nível grotesco da corrupção atingida por Berlusconi, na Itália, não dá trégua ao que de mais grave surge hoje do continente europeu: a paralisação das esquerdas nos sucessivos impasses, que marcaram a sua perda de poder nas últimas eleições do continente. O nível de abuso "Cavalieri" reflete a crescente impaciência destes dias, quando se dá um basta ao supermagnata da mídia, habituado a calar bocas, chegando à arrogância extrema da impunidade, por lei, à conduta sem limite dos poderosos.

  • Oposição e vácuo político perverso

    Jornal do Brasil (RJ), em 04/03/2009

    RIO - A popularidade de Lula, de 84% nesses idos de março, é o dado inédito das projeções políticas do nosso crescente desenvolvimento sustentado. Não é uma componente esperada da maturação da mudança, mas um lance fundador, do que possa ser uma tomada de consciência da mudança radical dos cenários da nova década. O homem do Planalto se solta de qualquer carisma original no seu êxito e independeu, por inteiro, dos sucessos ou fracassos do PT.

  • Correção ambiental e injustiça coletiva

    Jornal do Brasil (RJ), em 18/02/2009

    O principal corte de despesas no orçamento de Obama para enfrentar a crise foi aos US$ 890 bilhões previstos para o meio ambiente. A força dos números diz da consciência imediata que uma condição de crise dá às prioridades de uma política pública da primeira nação do mundo. Não há que repetir a impermeabilidade do bushismo à ecologia marcada pela negação de todo apoio à Conferência de Kyoto e a um primeiro alinhamento internacional quanto as muitas mazelas da terra pela dita civilização das luzes e do progresso.

  • Direitos humanos e mundo mediático

    Jornal do Brasil (RJ), em 04/02/2009

    Abre-se em meados de fevereiro, em Oslo, a reunião da ONU ligada à Aliança das Civilizações na discussão de tema fundamental ao mundo do terrorismo e da "guerra de religiões". Tanto essas cada vez mais evidenciam a negação da alteridade coletiva, tanto afloram a defesa de direitos, via de regra violados pelo mundo mediático, no seu império sobre a opinião pública e sua implacável mobilização.

  • Uma era Obama sem anticlímax

    Jornal do Brasil (RJ), em 20/01/2009

    A nova Presidência americana ganha a sua credibilidade imediata, pela virada de página, de 76% da população no avanço da democracia pelo teste fundamental de respeito aos direitos humanos. O governo Bush levou a extremos o antagonismo entre segurança e fruição das liberdades impondo-se os receios e espantos da “civilização do medo”. E pode, no balanço quase patético de seu mandato, entender como o grande triunfo, o de não terem sido de novo os Estados Unidos expostos a um ataque terrorista, ou à derrubada de torres de Los Angeles ou Chicago. Sancionou também, como exigência desta preservação obsessiva, o direito à mentira internacional até a invasão do Iraque e a desestabilização política do Oriente Médio.

  • Esperando Obama e Godot

    Jornal do Brasil (RJ), em 07/01/2009

    Este fim de ano evidenciou o aluvião de conferências latino-americanas, repetindo a irrelevância de par com a descontração das lideranças, como, aliás, pedia o Sauípe baiano, no à vontade na praia da presidente Bachelet, ou o novo rosto cubano de um Raúl Castro, em bonomia e abertura de diálogo com a América de Obama.

  • Lições e espantos de 2008

    Folha de S. Paulo (SP), em 30/12/2008

    O RECADO do êxito de Barack Obama foi sobretudo o da obrigatória convivência da democracia com os emergentes sistemas de poder do século 21. Veio à frente desse sucesso uma América profunda que nos trouxe de volta à cidadania arraigada em Estados drasticamente conservadores, como Iowa ou Virgínia do Sul, rompendo todas as previsões de jogo, que afinal fazem das eleições sempre meras alternativas de um mesmo establishment. O ganho do senador do Illinois livra-nos por outro lado do horror da permanência dos republicanos, o que só cristalizaria de vez o pior fundamentalismo ocidental. Na declaração de George W. Bush, esses valores autorizariam até a mentira política no enfrentamento previsível de uma guerra de religiões.

  • Chávez e o obsceno desejo de poder

    Jornal do Brasil (RJ), em 24/12/2008

    A chegada de Lula a um patamar de 80% de popularidade, em meios do segundo governo, mostra as surpresas, ou as desleituras do avanço de um regime genuinamente democrático. Independente do PT, nas desgraças do mensalão, ou da emergência de um aparelho no situacionismo, o sucesso do Planalto aponta mais que a um momento, ou a uma lua-de-mel política, a uma convicção cívica e à consciência da nossa mudança.

  • O repto da mega universidade privada

    Jornal do Commercio (RJ), em 22/12/2008

    A expansão universitária brasileira entra, a partir do ano próximo, numa nova fase de organização de sua política pública, vinculada à avaliação do setor privado e, de vez, à garantia de sua qualidade, nesta atividade crítica do nosso desenvolvimento. O setor hoje responde por 75% dessa oferta, e se desdobra em diversas categorias de atores desse serviço. Dos comunitários e confessionais, à iniciativa privada propriamente dita, por sua vez ligada à característica filantrópica e, de fato, e de vez, à empresarial cometida à obtenção de lucros, no quadro da garantia constitucional do modelo econômico brasileiro.

  • Jackson, consciência católica e reação

    Jornal do Commercio (RJ), em 05/12/2008

    Entre tantas efemérides, nestes dias, de celebração do pensamento brasileiro, de Machado a Guimarães Rosa, marcam-se também os oitenta anos do falecimento de Jackson de Figueiredo, arrebatado por uma onda na Joatinga, antes de sua quarentena. Deu-nos a retomada radical de uma visão do cristianismo na modernidade, no quadro do confronto de fundo, em que a crença saía da boa consciência da ordem e ao mesmo tempo do confronto da fé com a racionalidade progressista do começo do século.

  • Obama, nem erros nem surpresas

    Jornal do Brasil (RJ), em 26/11/2008

    Neste período da transição, Obama só faz confirmar a melhor expectativa quanto ao ineditismo da sua Presidência. Não é só o sentido nitidamente colegiado das decisões quanto à futura máquina de governo, mas, sobretudo, a garantia dos muitos saltos adiante que a sua investidura traz às práticas da mera rotação de um sistema entre democratas e republicanos em Washington. É como se este arranco de fundo, do melhor da democracia americana, não parasse no aponte do eleito mas fosse mais longe nesta correção de fundo da vontade geral, que no último meio-século passou à estrita variação de um mesmo sistema, no exercício das decisões do Salão Oval.

  • A contraditória democracia asiática

    Jornal do Commercio (RJ), em 14/11/2008

    A crise pré-apocalíptica do sistema financeiro só tornou crucial a importância dos países emergentes na construção de um novo equilíbrio internacional, implicando à plena convivência com os dois colossos asiáticos, a China e a Índia. É o que exige, a prazo urgente, a reormulação do que sejam G-8s ou G-20s, na construção de um mundo que se deu conta do colapso final do capitalismo do após guerra e de Bretton Woods. Mas o que nesta ampla revisão de modelos globais importa é a revisão do contraponto político e econômico de um quadro de mudança, expresso pela esperada convergência entre desenvolvimento e democracia.

  • Obama condenado à grandeza

    Jornal do Brasil (RJ), em 12/11/2008

    A vitória de Obama respondeu ao melhor da estupefação internacional. Não que ultrapassasse o esperado, mas exatamente por, ao permiti-lo, realizar-se a experiência inédita de oferecer uma alternativa à realidade de nosso tempo. Não há que buscar paralelos anteriores, na história do Ocidente, do sucesso da democracia como instituição, consagrando uma liderança nascida estritamente da observância das regras do jogo, e do que alcance uma consciência popular determinada. Mostrou o que pode a vontade política, como mudança de um processo social, seus preconceitos, seus medos, seus conformismos, sua esperta realpolitik.

  • Machado e o nosso panteão preguiçoso

    Jornal do Commercio (RJ), em 31/10/2008

    Começamos a nos dar conta desse fenômeno desmedido, em que a celebração do centenário da morte de Machado de Assis entra nos anais da cultura brasileira. Tem magnitude ainda mal balizada do que seja, num país de tardia toma de consciência, a avaliação de seus valores, num reconhecimento nacional e já num corte canônico de gerações. Mal construímos ainda, de fato, o nosso pódio, e nele do que, nas memórias de fastos e proezas, dos destaques de onde arranque a façanha os desempenhos antológicos.