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Reflexões oportunas sobre o Acordo Ortográfico

 

Toda unificação que pretenda simplificar as regras de uso da língua é sempre bem-vinda. Tem sido assim ao longo da história de Brasil, Portugal e dos demais países lusófonos.

As primeiras tentativas de unificação datam do século passado. Aprovado em 1990, o Acordo que agora entrará definitivamente em vigor no Brasil preconiza um padrão ortográfico único para o português a ser adotado por todos os países que usam a língua.

Constitui importante instrumento para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional, pondo um ponto final na existência de duas normas divergentes e oficiais.

Será possível melhorar o intercâmbio cultural entre os países em que se fala português; reduzir o custo da produção de livros; facilitar a difusão bibliográfica e de novas tecnologias e aproximar as nações.

Com o Acordo, amplia-se significativamente o mercado consumidor de livros e periódicos, com a mobilização de leitores em todo o universo da lusofonia. Mesmo diante da necessária e urgente superação de espaços de mútuo desconhecimento. A edição de livros, com especial reflexo positivo no âmbito da literatura, ganhará maior agilização e implicará redução de custos. As editoras, os veículos de comunicação, a internet, desde 2009 até hoje, já se adaptaram perfeitamente às novas regras.

A língua, como fator relevante de aproximação e de unidade, passa a contribuir ainda mais para a solidificação dos laços e dos interesses comuns. Sem prejuízo das diversidades culturais, ainda que complexas, das nações que têm o português como idioma oficial. A unificação tem sido altamente benéfica para a unidade intercontinental e seu prestígio no concerto das nações, embora não isenta de percalços.

No campo linguístico, amplia-se o espaço de uma política do idioma que aproxime ainda mais os países. Na direção da preservação da língua comum, em especial diante de ameaças glotofágicas globalizantes, respeitadas as diversas normas paritárias nacionais. A propósito, torna-se fundamental o trabalho de caracterização de tais normas, felizmente em processo. Há que considerar, nessa direção, que se trata da uniformização da grafia e não da língua portuguesa.

É importante não esquecer que as soluções ortográficas incorporadas resultam de um paciente trabalho técnico e só aos seus pares é dado discutir essa ou aquela melhoria de substância.

De toda forma, a experiência coberta de êxito dos últimos três anos comprova a justeza da providência em boa hora adotada por Brasil, Portugal e os demais países lusófonos.

Folha de S.Paulo (RJ), 29/12/2012