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A nova etapa do 'povo na praça'

 

A inédita aceleração da presente crise nacional envolve, também, mudanças na fatalidade dos prognósticos das últimas semanas. A certeza do impeachment aí está, confrontada à presença crescente do petismo nas ruas e, inclusive, com aglomerações transbordantes, como as de Salvador, Porto Alegre, Recife ou São Paulo. Deparamos, ao mesmo tempo, o risco de esfacelamento do PMDB, com o seu desembarque do governo. A maioria de seus ministros, entretanto, e a preço da desfiliação partidária, preferiu manter-se nos cargos, a partir do exemplo de Kátia Abreu. 

Significativamente, lá fora, avança uma nova visão da nossa crise, como, por exemplo, na reunião de brasilianistas na Universidade de Brown, nos Estados Unidos, reconhecendo que no nosso clima político geral "há o sério risco de que a retórica anticorrupção esteja sendo utilizada para desestabilizar um governo recém-eleito democraticamente, agravando a séria crise política e econômica do país". 

Entre nós, de toda forma, mais se evidencia, no âmbito das governanças estaduais, a falta de liderança dos governos petistas. Mas, ao mesmo tempo, observa-se um avanço da Operação Lava Jato nas trincheiras da oposição, atingindo presidências partidárias, como a de Aécio, no PSDB, 

Inédita ainda é essa movimentação do aparelho midiático, vindo à manifestação ostensiva de todo o establishment brasileiro, de par com a tomada de posição dos jornais decisivos no país. O somatório, na posição contra Dilma, vai à busca de consenso sobre a presente ingovernabilidade do país, e, de saída, pelas contradições que envolveria a assunção do vice-presidente, no confronto com a programática que o elegeu, lado a lado com o PT. No jogo mais largo de uma ilegitimidade política, frente à legalidade sucessória, avança a tese da imediata convocação de eleições gerais. Mas é de pronto, também - e essa é a arma do Planalto -, que desponta a inviabilidade dessa concordância, a vir implicar também, a renovação do Congresso. 

É claro que o Legislativo não abrirá mão dos seus mandados - assim como é altamente problemático que se aprove nova eleição tão só para o Executivo. No entanto, míngua o impulso do impeachment. O que poderá causar a torna às ruas para exigi-lo. 

Jornal do Commercio (RJ), 08/04/2016