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Nós e os marcianos

 

Luiz Fernando Verissimo, mestre da crônica, escreveu no O Globo (05/08/2010) que se um marciano viesse, várias vezes, ao País e observasse em cada vinda os políticos no poder e seu índice de aprovação, ficaria tão perplexo que suspiraria fundo e talvez desistisse do Brasil.Penso que, se fosse um marciano mais esperto e não tão ingênuo, em face da gangorra de interesses, era bem capaz de não apenas ficar no Brasil como entraria na política.

 

 Porque encontraria uma feliz oportunidade de ser reconhecido, entre os seus aplaudidos líderes, já que não deve ter traços alienígenos, ou porque a maioria dos nossos políticos já parecem os trazer como marca registrada, desde o berço e são indistinguíveis.


Certamente, encontraria uma maneira rápida de enricar, enchendo os bolsos e gibões, vazios diante da penúria interplanetária. E descobriria os polpudos auxílios de campanha que abastecem candidatos como possíveis dádivas futuras.


E é bem plausível que o tal marciano encontre aqui, nesta terra de promissão, as vantagens que jamais atingiria em seu pobre ou depauperado Planeta. Ou melhor, uma abastança inefável, já que não careceria de ter nenhum título de doutorado, para candidatar-se aos mais elevados cargos, nem possuir o generalato. Depreende-se até que aprenderia a nossa bela língua, constando possuir inteligência superior ou plausivelmente superior. Se a tiver mediana (achará tantos iguais!), cabendo-lhe preservar talento retórico, fundamental numa carreira legislativa ou executiva, além de muitas cargas de sonora demagogia cívica, pressuposto para o fluir democrático. No mais, será ditoso e suspirará de alegria diante deste novo e afortunado mundo.


Diário da Manhã (GO), 22/10/2010