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A importância da vacinação

 

A vacinação – e todos sabem – impõe-se hoje, no Brasil e no mundo, como instrumento valioso para o enfrentamento do coronavírus.

E a ciência está dando a sua impressionante ajuda nesta hora. Com médicos, enfermeiros.

Eu me vacino – espero – a segunda dose perto do fim de março. Elza, para minha alegria, já teve, aqui, a pronta vacinação, em primeira dose, no posto do Catete. Bem haja.

Mas tudo está fechando. O que sucede e se deve aceitar. O preço da vida é o da liberdade. Sim, tudo fecha: templos, shoppings, restaurantes.

Ou o mar, o vento, as estações, o encantamento da beleza. Estando fechada, até a dita imortalidade das letras e dos sonhos.

Leitores, se para Elias Canetti, “não é poeta, o que não sabe calar”. Acontece comigo bem o contrário, sou poeta: não quero calar.

Enquanto houver palavra, escrevo. E quando a palavra substituir o silêncio, mesmo assim no pensamento escrevo. Porque respiro.

Há um desastre na república, com o suceder das mortes. Prefeitos tentam inventar feriados, como se pudessem parar o tempo.

Há um desastre no Espírito Santo e no pampa, estados de alma que me acompanham e me doem, não cabendo mais o país dentro de uma lágrima. Ou a lágrima já é maior. Mas resistimos.

Diz o grande Montaigne que “onde a pele do leão não basta, é preciso pôr um bocado de pele de raposa”.

Ou pele de realidade, ou a vacinação na pele e no entusiasmo de viver, apesar da tormenta. Só Deus sabe do tempo, como o tempo sabe de nós, cabendo-nos apenas ver pela fé.

E obstinação de resistir além das paredes e limites.

Tribuna Online, 28/03/2021