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Da minha dita intimidade com o poder

 

Outro dia, o grande jornalista e meu amigo, Ancelmo Góis, em sua notável coluna, assegurou que a  minha História da Literatura Brasileira foi levada  pelo dinâmico editor da Leya, de São Paulo, para o senador e  escritor José Sarney e esse levou em mãos um exemplar para Dilma Rousseff, o que me deixou contente. Não por ter intimidade com o poder - já que até agora não me foi conferida essa faculdade, e os que a tem,devem guardá-la eficazmente para si.Nem por ser velho amigo da presidenta (vou usar essa expressão em sua homenagem), já que é a primeira mulher, entre nós, a execer tal cargo e o conhecimento da língua não o veda), desde o Rio Grande do Sul, de onde vim e ela viveu longo tempo e ocupou cargo importante.Se minha intimidade é a convivência da mesma terra e se esse "conviver" nos proporciona o mesmo clima, a mesma paisagem, a mesma temperatura do coração, então sim. Pois a terra é sempre um dom, equilíbrio e nascença da alma. Mas a paixão por Guimarães Rosa que nos une, e a justeza do empenho em trazer de volta ao Brasil Abaporu de Tarsila do Amaral.

Conheci a primeira mandatária da nação em 2010, bem antes de candidatar-se, levado por este amigo de "longada" (o termo é gaúcho e significa , para quem não sabe, de longa data),que era o então ministro Dr. Tarso Genro, hoje consagrado por eleição sem segundo turno, governador do pampa. Conheci e fui cativado pela simpatia, abraço caloroso, percebendo, de logo, a mescla difícil e bem-aventurada entre a ternura e a férrea energia. Traz, portanto, a tempera das montanhas de Minas, tão gratas a Drummond e à jovialidade que apenas o Minuano do Rio Grande fornece.

Escrevi em outra crônica - o que aqui reafirmo - o sucesso desta governante - é o sucesso do Brasil e de todos nós que viajamos no mesmo barco. E eu que sou um espírito crítico, e os leitores me conhecem, admiro (por experiência própria) a grandeza da mulher que sabe honrar o poder, conquista a confiança e a paz da República, sabendo que o povo carece de cultura, como carece de pão, cercando-se de dadivoso trabalho e silêncio.Sem fanfarras.

Diário da Manhã (GO), 17/3/2011