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Buscar a imaginação

 

Criar é buscar a imaginação, até que a encontremos. Nos arcanos do ser, na caverna das origens, onde o caos na luz se fertiliza.

E quando queremos imaginar, somos imaginados. Na imaginação da espécie, a imaginação das palavras. E elas nos levam à designação do mundo, o que não existia e passa a existir. Como se houvesse a mágica da vida na arte. E a arte da vida na mágica

O que sobrevive em nós é o que vai sendo superado na alegria e na dor, ou seja, nas experiências. Como a lei de Lavoisier: nada se perde, tudo se transforma.

A arte da metamorfose é a arte do abismo. Porque não isolamos o tempo, o tempo que nos isola. Com as imagens que se formam, como o livro de gravuras da infância e as imagens que se compõem de infâncias.

Nada se perde, tudo muda de sonho. A matéria é o que existe, tornando palpável o que não existia antes.

Depois se percebe que a imaginação não é inteligência, é a sensível unidade do universo, que se preserva na medida em que a entendemos, ou deixamos que ela nos entenda.

E se criar é buscar a imaginação, também é permitir que a força da fé a engendre nos meandros da consciência.

Entre camadas de invenção, pois para viver é preciso inventar e se inventando, vivendo. Levantando o peso da noite, com novas e cintilantes estrelas.

Se a natureza não dá saltos, a alma, ao contrário, necessita saltar, por estar existente entre as coisas. E, leitores, o primeiro grau da imaginação é a descoberta.

Tribuna Online, 21/03/2021