A ensaísta, crítica literária e professora de literatura brasileira da UFF Ângela Maria Dias será a palestrante na próxima quinta-feira, dia 9, às 17h30.da segunda edição do "Quinta é Cultura" de outubro, com a palestra “Duas faces da mesma moeda: o sexo e o sonho na obra de Aluísio Azevedo”. O evento tem coordenação do Acadêmico Godofredo de Oliveira.
A entrada é gratuita e as inscrições podem ser feitas pelo link: https://www.even3.com.br/teias-tramas-e-patranhas-o-feminino-e-o-masculino-na-odisseiateias-tramas-e-patranhas-o-feminino-e-o-masculino-na-odisseia-532300 [1]
A apresentação também será transmitida ao vivo pelo canal da ABL no YouTube pelo link: https://www.youtube.com/live/tAZh1J5ArHA?si=edO2mSSqkTzzrywJ [2]
Para a professora de literatura brasileira, O homem (1887) antecipa questões que Aluísio Azevedo desenvolveria mais tarde em O cortiço, sua obra mais conhecida. Na trama, surge a figura do “sr. Conselheiro Pinto Marques”, protótipo do Comendador, e sua filha Magdá, personagem central marcada pela histeria. A jovem sofre a frustração de um amor intenso e impossível: seu envolvimento com Fernando, que mais tarde descobre ser seu meio-irmão, inviabilizando de forma definitiva a união entre os dois.
Entretanto, a tendência naturalista denunciada pela centralidade da histeria não esconde o seu forte componente ultrarromântico de folhetim, entremeado de atos extremos e manifestado pela idealização do amor erótico, em sua aproximação do amor moral, por meio de sonhos, devaneios e alucinações até o clímax de crime e loucura.
Como destaca a ensaísta, O livro de uma sogra (1895) se sobressai por seu caráter de “romance de tese”, como aponta a crítica. A narrativa é construída a partir do manuscrito de uma sogra que, marcada pela experiência infeliz em seu próprio matrimônio, procura elaborar uma teoria sobre o casamento. Seu objetivo é assegurar a felicidade conjugal da filha, oferecendo recomendações que dialogam com as tensões entre desejo, rotina e moralidade.
Segundo a leitura de Ângela Maria Dias, a narrativa de O livro de uma sogra propõe a manutenção da felicidade erótica do casal a partir de uma doutrina curiosa: a separação compulsória e periódica dos corpos, como forma de evitar o desgaste provocado pelo tédio e pela rotina. Em diálogo com O homem, a proposta da palestra busca mostrar como ambos os romances realizam uma espécie de recobrimento platônico do amor sexual, envolvendo o desejo em uma atmosfera de sonhos idílicos que transformam a experiência física em idealização moral e sublimação da luxúria.
No dia 16, excepcionalmente na quinta-feira, às 17h30, dentro do ciclo de conferências “Filhos do Peixe”, Bela Gil conta histórias de seu pai, Gilberto Gil. A coordenação da Acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira.
O “Quinta é Cultura” retorna no dia 23, às 17h30, com o evento “Olhares Fluidos, Regards Fluides”, com a participação de Gerson Damiani com exibição de curtas-metragens e mesa-redonda, sob a coordenação do Acadêmico Antonio Carlos Secchin.
Sobre Ângela Maria Dias
Ângela Maria Dias é professora titular de literatura brasileira e literatura comparada da UFF, ensaísta, crítica literária e pesquisadora do CNPq. Publicou, nos últimos anos, Cruéis Paisagens Literatura Brasileira e Cultura Contemporânea (EdUFF, 2007), A forma da emoção Nelson Rodrigues e o melodrama (Ed.7Letras, CNPq, 2013) e Valêncio Xavier: o minotauro multimídia (Ed.Oficina Raquel, 2016).
Mais recentemente, em 2019, editou a coletânea de vários autores, Ficção e travessias: uma coletânea sobre a obra de Godofredo de Oliveira Neto e um conjunto de ensaios literários de sua autoria, com o título de Linhagens performáticas na literatura brasileira contemporânea, ambos pela editora 7Letras (Rio de Janeiro), sendo que o último volume, também com o apoio do CNPq.
07/10/2025Links
[1] https://www.even3.com.br/teias-tramas-e-patranhas-o-feminino-e-o-masculino-na-odisseiateias-tramas-e-patranhas-o-feminino-e-o-masculino-na-odisseia-532300
[2] https://www.youtube.com/live/tAZh1J5ArHA?si=edO2mSSqkTzzrywJ