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Artigos

  • O risco do celular

    Zero Hora (RS),, em 12/12/2009

    Quando a gente vê em filmes antigos (ou não tão tão antigos assim) os primeiros telefones celulares, aqueles gigantescos trambolhos, nos damos conta de que o mundo muitas vezes envereda por caminhos inesperados. Hoje o celular é pequeno, é prático – e todo mundo tem . O número de aparelhos no Brasil já chega a 160 milhões, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). De cada cem brasileiros, 82 usam o aparelho. Como ocorre na maioria dos países.

  • O jogo do fanatismo, o jogo da paz

    Zero Hora (RS),, em 24/11/2009

    A entrevista que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, deu a Tulio Milman (o brilhante editor da página 3) é um modelo de sobriedade e de bom senso, e contrasta com as declarações de Ahmadinejad negando o Holocausto. Uma cantilena que o líder iraniano provavelmente não repetirá no Brasil. Sabe que aqui esta retórica, à qual não falta inclusive uma conotação neonazista, será muito mal recebida. Na verdade, até já está modificando a linguagem; numa entrevista recente admitiu que o Holocausto “talvez” tenha acontecido. Absurdo e má-fé. Não pode haver qualquer dúvida quanto ao genocídio nazista: o assassinato de milhões de pessoas foi exaustivamente comprovado. No Brasil, não faltam inclusive testemunhos pessoais de sobreviventes. Além disso, é importante assinalar que o Holocausto matou principalmente judeus, mas não só judeus. Etnias como os ciganos, adversários do nazismo, minorias sexuais, membros de várias religiões e doentes mentais tiveram o mesmo fim. Será que o mandatário iraniano nega isso também?

  • A sogra perfeita

    Zero Hora (RS),, em 22/11/2009

    A Cidade espanhola de Castellón promove anualmente uma feira de casamentos com artigos para serem usados nas bodas. Este ano, os organizadores resolveram organizar um evento adicional: criaram um concurso que, durante os dias do evento, buscará a sogra perfeita.

  • A hora da verdade

    Zero Hora (RS),, em 15/11/2009

    Como muitos, sempre achei Michael Jackson esquisito, para dizer o mínimo. Ali estava aquele cantor de enorme sucesso, ganhando uma grana sem tamanho, morando num absurdo lugar chamado Neverland (evocando a Terra do Nunca da história de Peter Pan, o menino que não queria ficar adulto); tentando branquear a própria pele, no que parecia uma tentativa de escapar à própria identidade, e, por último mas não menos importante, suspeito de pedofilia.

  • A voz da coerência

    Zero Hora (RS),, em 10/11/2009

    Anos atrás, eu estava em Jerusalém para um encontro de escritores, às vésperas de uma eleição decisiva que opunha o atual premiê, Benjamin Netanyahu, ao trabalhista Shimon Peres, cuja plataforma pacifista incluía uma confederação dos países da região. Proposta, aliás, que tinha o apoio dos israelenses: Peres era o franco favorito.

  • Solidão: use com moderação

    Zero Hora (RS),, em 31/10/2009

    Nos primeiros séculos da era cristã eram muito comuns os eremitas, crentes que, fugindo da vida mundana, iam para o deserto, onde passavam a viver em cavernas ou, como foi o caso do famoso Simão Estilita, em uma pequena plataforma no alto de uma espécie de poste. Hoje em dia esta possibilidade dificilmente ocorreria a alguém, mesmo porque os eremitas não se isolavam completamente: almas caridosas forneciam-lhes comida, roupa, ajuda quando necessário. Somos seres gregários: preferimos viver em família, em grupos, em comunidades. É uma necessidade que está embutida em nossos genes e que é favorecida pelo fenômeno da acelerada urbanização: 80% dos brasileiros vivem em grandes cidades, nas quais o excesso de gente é a regra.

  • Quanto mais festa, melhor

    Zero Hora (RS),, em 27/10/2009

    A caminho do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, chamou-me a atenção um cartaz afixado na fachada de uma das humildes casas comuns nas favelas da região. Dizia: “O Halloween é coisa do demônio”.

  • A mãe de todas as senhas

    Zero Hora (RS),, em 25/10/2009

    Na minha infância, era muito comum a expressão chaveiro de freira para designar o impressionante molho de chaves que algumas religiosas, especialmente as diretoras de escola, carregavam, em geral preso ao cordão do hábito. Explicável: o acesso a depósitos, a salas de administração, a auditórios, a bibliotecas, tinha, naturalmente, de ser vedado a estranhos. Daí as fechaduras, os cadeados. E daí as chaves, que eram frequentemente enormes, o que reforçava o aspecto simbólico da vigilância.

  • A ânsia do inusitado

    Zero Hora (RS),, em 20/10/2009

    Pergunta: que setor da moda brasileira está em alta? Os trabalhos dos grandes costureiros, aqueles que aparecem nas passarelas, usados por modelos estilo Gisele Bündchen?

  • Dia do professor

    Zero Hora (RS),, em 13/10/2009

    Outubro é um mês de muitas comemorações. Assim, temos o Dia das Crianças, a data da “descoberta” da América (estas aspas lembram o fato de que se tratou de descoberta para os europeus, não para os índios que aqui viviam), o Dia do Médico, e o aniversário da Revolução Russa de 1917.

  • Os trigêmeos imaginários

    Folha de S. Paulo,, em 12/10/2009

    A Receita Federal decidiu apertar o cerco contra fraudes em deduções do Imposto de Renda (IR) praticadas sobretudo pela classe média. "Para ampliar o limite de dedução com saúde, educação e dependentes, são inseridos filhos fictícios, tornando-se comuns declarações que mencionam filhos gêmeos e trigêmeos", informa relatório de inteligência do fisco ao qual a Folha teve acesso.

  • O tempo e a vida

    Zero Hora (RS), em 01/02/2009

    O Curioso Caso de Benjamin Button, filme com Brad Pitt que é forte candidato ao Oscar, inspira-se no conto homônimo do escritor americano Scott Fitzgerald. E este, por sua vez, parte de uma fantasia não muito rara: nascer velho e ir ficando progressivamente mais jovem. Eu mesmo escrevi uma história a respeito, sem saber do conto de Fitzgerald, que aliás vale a pena ler. Já no começo, ele descreve a horrorizada surpresa do pai ao constatar que o seu recém-nascido filho é um velho mirrado, um velho que mira-o placidamente e pergunta: “Você é meu pai”?.

  • Corrida: os sinais de alarma

    Zero Hora (RS), em 31/01/2009

    Na história da Olimpíada, existe um nome famoso: o do etíope Abebe Bikila, o primeiro corredor a vencer duas maratonas consecutivas. Na primeira delas, em Roma (1960), Bikila correu descalço. Cruzou a linha de chegada em duas horas e 15 minutos, com a sola dos pés sangrando – e transformou-se num símbolo eterno da determinação olímpica. Tal como o lendário Fidípedes na batalha de Maratona, na qual os gregos enfrentaram os persas. Fidípedes correu de Atenas até Esparta para pedir ajuda aos espartanos. Depois da vitória, correu de Maratona até Atenas para anunciar a vitória, mas faleceu logo depois de fazê-lo.

  • O Farol de Capão da Canoa

    Zero Hora (RS), em 18/01/2009

    No começo do século passado, viajar para a praia era uma aventura demorada e não isenta de riscos. As pessoas iam de carreta, em parte por causa da enorme bagagem (a viagem era uma verdadeira mudança), mas sobretudo porque não havia outro meio de transporte. Na minha infância já se podia contar com linhas regulares de ônibus, mas a viagem ainda durava cinco horas, boa parte dela feita pela orla marítima, onde a probabilidade de atolar não era pequena. Mas a nós isso pouco importava. Capão da Canoa, para onde íamos uma vez por ano e por curta temporada, era um território de sonho, e à medida que dali nos aproximávamos crescia nossa excitação. O grande momento ocorria quando, do ônibus, avistávamos o farol.

  • Um espectro brasileiro

    Zero Hora (RS), em 17/01/2009

    A febre amarela não é originalmente uma doença brasileira. Mas depois que foi introduzida em nosso país encontrou aqui condições quase ideais: as matas com seus mosquitos, as cidades com suas más condições de higiene facilitando a proliferação de focos de insetos. Logo a febre amarela tornava-se epidêmica, com milhares de casos e um número elevado de óbitos, sobretudo na época em que os cuidados hospitalares também eram precários. Ocorreram episódios sombrios, como aquele do navio-escola italiano que veio para o Rio. Quase todos os marinheiros, centenas deles, adoeceram, e a mortalidade foi elevada, em torno de 80%.