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Artigos

  • Viva João Ubaldo!

    A Gazeta (ES), em 26/07/2014

    Em pouco tempo, a Academia Brasileira de Letras sofreu três perdas irreparáveis: Luiz Paulo Horta, Ivan Junqueira e João Ubaldo Ribeiro. Notáveis escritores e jornalistas, abriram um enorme desfalque na Casa de Machado de Assis. João Ubaldo nos deixou aos 73 anos de idade, vítima de uma traiçoeira embolia pulmonar. Espírito alegre, primoroso contador de "causos", foi autor de dois livros considerados entre os 100 melhores romances do século passado: "Sargento Getúlio", de 1971, e "Viva o Povo Brasileiro", de 1984.

  • A visão heróica de Chopin

    Jornal do Commercio (RJ), em 18/07/2014

    Sempre mantive no meu espírito as ressonâncias da obra do pianista polonês Fréderic Chopin. Com a morte prematura do escritor Luiz Paulo Horta, que foi crítico musical de O Globo, o sentimento de apreço pelo autor da “Heróica” tornou-se mais forte. Horta mantinha no mesmo plano sua admiração, também como pianista, por Bach, Bethoven, Brams, Liszt e Chopin. Uma vez, em sua casa, desafiei-o a tocar uma polonaise – e ele o fez de modo brilhante.                             

  • Queen Fleming

    O Globo, em 06/11/2012

    Renée Fleming passou pelo Teatro Municipal, domingo, arrastando o seu manto de rainha da vida musical americana e mundial. Sem muito esforço, majestosa mas simpática, ela começou por afastar um de nossos antigos temores, quando aparecem por aqui grandes divas que nunca vieram antes: o de sermos confrontados com os destroços de um aparelho vocal (foi assim com Jessye Norman, Kathleen Battle, Ileana Cotrubas, Gundula Janowicz). Não desta vez: o milagre está lá, um timbre de beleza imaterial, musicalidade envolvente, um modo astuto e macio de subir para os agudos levando a nota até a iluminação total. Aos 53 anos, ela sabe que tem na garganta um Stradivarius que não vai durar muito. A voz é perfeita, com o toque pungente das rosas que já se afastam do desabrochar. A sábia Fleming se cuida: no recital de domingo, só havia dificuldades moderadas nos trechos do "Otello" (ela sempre foi uma grande Desdêmona). No mais, o veludo das canções de Strauss (o Richard), um "Summertime" (já nos extras) que só poderia fazer uma jazzista americana como ela. Momentos (vários) para ficar na memória.

  • Os caminhos que levam a Roma

    O Globo, em 13/10/2012

    Quais as condições para que alguém seja bispo na Igreja Católica? O Código Canônico explica: sólida fé, bons costumes, piedade, prudência, boa reputação, pelo menos 35 anos de idade, doutorado ou mestrado em Sagrada Escritura etc. Comenta D. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo: “A norma, os procedimentos, está tudo lá. Difícil é fazer”.

  • Por falar em retórica

    O GLOBO (Rio de Janeiro - RJ) em, em 05/08/2002

    O conceito de retórica, citado em artigo de Luiz Paulo Horta nesta página, tem sido desfigurado, ainda mesmo entre pessoas de escolaridade confiável. Neste vocábulo, há quem veja algo de pejorativo ou de inferiorizante.

  • A imagem do Centro

    Se há um lugar que precisa de um choque de ordem, por razões práticas e teóricas, é o Passeio Público e suas imediações. É um dos pontos mais nobres da cidade: a porta de entrada para todo o Centro histórico. Mas foi atingido pelas transformações do próprio Centro.

  • Clássico

    Os músicos demitidos da Orquestra Sinfônica Brasileira apresentaram-se sábado em concerto que lotou a Escola de Música da UFRJ e que teve a participação de instrumentistas da Petrobras Sinfônica e da orquestra do Teatro Municipal. Tocou-se o Hino Nacional, e Cristina Ortiz, ao piano, conduziu uma emocionante interpretação do Concerto nº4 de Beethoven. O clima era de euforia e preocupação. Houve discursos indignados, que em nenhum momento escorregaram para as ofensas. E assim chegamos a esta situação esdrúxula, em que há uma OSB e uma "OSB do B". Mas a OSB original está agora montada nas bases mais frágeis do mundo, e o pedido dos músicos para que o maestro Minczuk se afaste me parece bem mais próximo da realidade do que os anúncios, de um prodigioso otimismo, publicados pela Fundação OSB. Também não ajuda nada a entrevista do maestro às Páginas Amarelas de "Veja", onde se diz que ele "vence a primeira batalha de uma guerra santa contra a mediocridade e o corporativismo". Fica parecendo uma briga de paulistas com cariocas. Nenhuma batalha foi vencida, e não vejo como se possa (re)construir uma orquestra de costas para a maioria maciça do meio musical brasileiro.

  • A torre de Babel

    Em tempos muito remotos, conta a Bíblia, só havia uma língua na terra. Escondida na Arca, aquela humanidade primitiva tinha sobrevivido ao Dilúvio; e agora, confiante em si mesma, queria deixar um sinal da sua importância. Na terra de Senaar, surgiu a ideia peregrina: "Façamos para nós uma torre cujo cimo atinja os céus. Tornemos assim "célebre o nosso nome, para que não sejamos dispersos pela face da terra."

  • Choques de maldade

    É tão velho quanto a própria humanidade; mas cada vez que o mal mostra a sua cara, faz passar um frio pela espinha. A chacina da Baixada derruba a ideia de um país que quer entrar na modernidade, e tem fama de pacífico. De onde vem tanta crueldade?

  • A idade da sabedoria

    Os meus colegas de turma estão entrando na casa dos 70, o que logo me obrigará a seguir com eles. Me vejo, então, pensando nessa coisa misteriosa que é o tempo. Como os filósofos já explicaram, não se trata de entidade unívoca. Pode às vezes enroscar-se como gato em varanda ensolarada, e assim ficar por décadas. De repente dá um salto, e nada mais será como antes.

  • À procura de um cânone

    Começa hoje a parte principal da Jornada Mundial da Juventude, com a presença do papa Francisco. O Brasil não é mais um país tão católico quanto já foi. Nem se exclui a possibilidade de uma ou outra passeata mal-humorada. Mas há poucas dúvidas de que o líder máximo do catolicismo vai se ver, nos próximos dias, envolto numa onda de afetividade bem brasileira.

  • A hora do encontro

    Este domingo, fui à missa na igreja dos jesuítas, rua São Clemente, Botafogo. Igreja lotada, inclusive porque o Colégio Santo Inácio está abrigando mais de mil peregrinos. Nunca vi os cânticos e algumas orações enunciados com tanta convicção. Era emocionante ver aqueles rostos de todos os lados do mundo concentrados num só pensamento.

  • Uma visita a Aparecida

    Houve quem achasse que o Papa Francisco foi pouco incisivo naquele primeiro discurso do Palácio Guanabara (ou seria no “bunker” do Guanabara?). Não penso assim. Ele se comportou como pessoa educada, que bate à porta e pede licença para entrar. E, sendo argentino, não ia mesmo deitar falação sobre política brasileira.

  • Um anti-Ratzinger?

    O que fazer com as meninas simpáticas que vêm me dizer: “Estou apaixonada pelo Papa”? Só posso responder que elas têm razão, que este senhor argentino, largo de corpo, levemente barrigudo, é digno de todo o nosso amor, porque é tão evidente que ele é bom, é honesto, é um pai espiritual...