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Artigos

  • Ceder a uma tentação?

    O Estado de S. Paulo, em 10/09/2021

    Devo reler ‘A Cidadela’, de A. J. Cronin? Devemos reler os livros que nos encantaram?

    Passei por uma livraria, começo da noite, final de semana, e vi na vitrine um romance que me deixou arrepiado. Há quantos anos, e ponham quantos nisso, eu não via uma nova edição de A Cidadela, de A. J. Cronin? Naquele instante, me veio um turbilhão de imagens. Dei tanta entrevista falando de livros que me foram fundamentais e jamais citei A Cidadela. Injustiça de uma memória falha. E um de meus orgulhos é justamente esta memória acionada por cheiros, imagens, brisas, perfumes, sons. 

  • Se precisar, chame o Afonso Pena

    O Estado de S. Paulo, em 27/08/2021

    Encontrei Afonso Pena tomando suco de mamão com laranja na CPL. Nos encontramos todos ali, aos domingos de manhã. Antes da pandemia éramos oito, a ler jornal, trocar ideias, bem cedinho. Tinha quem emendava para o chopinho antes do almoço em dias quentes. Agora, somos quatro. Gradualmente os pequenos encontros cotidianos começam a ser reativados. Estava feliz, comuniquei: - Finalmente, de sorte, encontrei uma podóloga ótima aqui no bairro. Há tempos precisava dar um tratamento nos pés. A gente muda a vida, fica leve, solto.

  • Indignidade absurda

    O Estado de S. Paulo, em 20/08/2021

    Está havendo um enorme equívoco dos negacionistas e apoiadores do presidente (se é que se pode chamar tal homem de presidente), que vêm usando a morte de Tarcísio Meira na campanha antivacinação. Mais do que equívoco, demonstração de oportunismo, safadeza e mau-caratismo.

  • A Cinemateca que amamos

    O Estado de S. Paulo, em 13/08/2021

    Certo dia, início de 1953, tomei o trem das 6 h 10 em Araraquara (ou seria 6h 05? Os horários eram estranhos, mas respeitadíssimos) rumo a São Paulo. Uma viagem inquieta. Eu não passava de um garoto, crítico de cinema há poucos meses, e tinha horário marcado com a Cinemateca Brasileira, onde conversaria com Paulo Emílio Salles Gomes, Rudá de Andrade e Caio Scheiby. Como me atenderiam? O encontro tinha sido marcado por Carlos Vieira que, na época, era o grande batalhador pela implantação de cineclubes Brasil afora. Com seu sotaque português, Vieira era a vanguarda e sustentáculo no cineclubismo brasileiro. Felipe Macedo, em postagem na internet, assim o definiu: 'Nos anos em que todos se sentiam cinéfilos, Vieira era como que o centro irradiador do intercâmbio que ligava diversos cineclubes extremamente importantes na vida de diversas cidades do interior paulista'.

  • O invencível bate-estacas?

    O Estado de S. Paulo, em 30/07/2021

    Meu pai ao voltar do escritório comunicou: 'Este mês vocês irão comigo para São Paulo'. De tempos em tempos ele participava na capital de uma reunião com chefes de Contadoria das ferrovias brasileiras. O aviso era recebido com alvoroço por mim e meu irmão Luis Gonzaga. Aquela era uma viagem encantada. Só quem nasceu no interior viveu a experiência arrepiante de chegar de trem na Estação da Luz, passando por baixo da rede de fios elétricos de uma super aranha acima de nossas cabeças. Havia a expectativa na capital de outra viagem dentro da viagem. Pegar o bonde Penha-Lapa, ida e volta, o que nos ocupava meia-tarde atravessando a cidade.

  • O que poderia ter sido não existe

    O Estado de S. Paulo, em 16/07/2021

    Ao meio-dia, as classes deixavam o Ieba e corríamos para a esquina da Rua Quatro, ponto estratégico para observarmos a saída das alunas do Colégio Progresso. Havia centenas de jovens, mas cada um estava ali por causa de uma. Meu interesse era Alda, sempre junto à irmã Maria Ernestina, ambas Lupo. 

  • A volta da casa 842

    O Estado de S. Paulo, em 04/06/2021

    Rita Mazzoni, parente minha e neta de Sebastião Bandeira, contou que Mário de Andrade, certa tarde em que esteve em Araraquara, em uma de suas visitas à chácara de Pio Lourenço, desceu a Avenida Guaianases, hoje Djalma Dutra.