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Artigos

  • Adeus, Danilo

    Estadão, em 04/11/2023

    Quando em 2018 o SESC Paulista foi reinaugurado, Danilo me pediu para a abertura, um texto narrado do alto do Mirante, contando o significado da região, os palacetes, a nova arquitetura, o centro bancário, os cinemas, o desaparecimento do Palazzo Matarazzo, a profusão de lanchonetes e shoppings, os camelôs.

  • Um homem lúcido

    Estado de São Paulo, em 09/08/2023

    O que, pensando racionalmente, se é que alguém no mundo pensa racionalmente, a não ser os Inteligentes Artificias que entraram em moda. No entanto, confesso que tenho 87 anos e ainda não encontrei nenhum Inteligente Artificial e me alertaram que se eu for procurar entre os políticos, aí é que ficarei desiludido. É um desastre.

  • Palestra de placa

    Estado de São Paulo, em 03/07/2023

    Não sei o tanto de votos que dei na vida. De concursos literários a miss, melhor filme, fantasia de carnaval, receita culinária, canção e jogador em campo, etc. Mas nenhum voto meu foi dado com tanta certeza e alegria, como este que deià Marina Colasanti, que acabou de ganhar o Prêmio Machado de Assis 2023, da Academia Brasileira de Letras.

  • Do livro ao grão

    Estado de São Paulo, em 18/06/2023

    Veio a pandemia, perdi contatos. Súbito este reencontro. E aqueles vindos da livraria me oferecendo agora grãos. Do livro, um alimento, ao grão, outro alimento. Faz meses que o empório me recebe e agora chegou também Flávia Wulf, que também mexia (como dizem os mineiros) com livros Do livro ao grão uma realização da necessidade. E da criatividade.

  • Aprendi em Paraitinga

    Jornal O Estado de S. Paulo, em 07/05/2023

    Carmem e Marcelo Mercadante, médicos e amigos, ligaram: 'Aqui, em São Luiz do Paraitinga, começa uma feira literária, a primeira. Passem o fim de semana conosco'. Nem tinham desligado, estávamos lá com o compositor Hélio Ziskind e Carla, influencer, minha cunhada.

  • O corrimão

    Jornal O Estado de S. Paulo, em 09/04/2023

    Depois de um intervalo de três anos, voltei às palestras pelo interior do Brasil. Alegria ao reencontrar o público, principalmente os professores. Tive um companheiro especial pelo interior mineiro, Campos Altos, São Gotardo e Ibiá. Mauro Ventura, escritor e jornalista, filho de Zuenir Ventura, meu colega na Academia Brasileira de Letras. Ele seguiu como mediador, mas funcionou principalmente como meu 'cuidador'. Aos 86 anos, me veio um leve desequilíbrio físico ao andar. Adotei uma bengala, que, às vezes, me parece elegante. Outras, me deixa constrangido, expondo minha fragilidade. Vaidades. Também, vez ou outra, me vem a vontade de dar bengaladas. Contenho-me, as pessoas estão em ponto de bala, pisando nos cascos, não se sabe o que pode acontecer.

  • Um Brasil para Antonia

    Jornal O Estado de S. Paulo, em 26/03/2023

    Antonia, neta que vai nascer em maio, assistiu ao show de Chico Buarque e Mônica Salmaso, aqui em São Paulo. Rita, nossa filha, contou que a menina se agitou bastante dentro da barriga, talvez animada pelas canções, pelos aplausos, pela agitação da plateia.

  • O espelho biseautê

    O Estado de S. Paulo, em 12/03/2023

    Para Paulo Caruso, amigo de uma vida bri o e-mail de Raquel Naveira, escritora mato-grossense, veio uma poética crônica. Ela, assim que publica na sua terra, envia aos amigos. Fui atraído pela frase: 'Restaurou a antiga penteadeira, com o espelho de cristal bisotado e a banqueta de couro, que ficava no quarto dela, a sua mãe'. Bisotado. Há quanto, quanto tempo não lia, sentia, esta palavra?

  • O que devo a Raquel Welch

    Jornal O Estado de S. Paulo, em 26/02/2023

    Raquel Welch se foi. A mulher mais sexy do mundo era mortal, porque imortalidade não existe. Existisse, seria insuportável. O que teria sido de mim sem aquela atriz? Teria feito que carreira? Thomaz Souto Correa era diretor da Claudia em 1966 e me chamou: 'Quer deixar o jornal diário e vir para uma revista mensal?'. Fiquei siderado. Claudia era a revista feminina mais importante do Brasil. Moderna, trazia Carmen (com N) da Silva, que hoje estaria à frente do #MeToo.

  • Viver sem ela?

    Jornal O Estado de S. Paulo, em 12/02/2023

    Na rodoviária, Alzeni pediu.

    'Por favor, uma passagem para Duas Passagens.'

    O bilheteiro estendeu duas passagens.

    'Quem pediu duas? Disse uma!'

  • Entre 90 e 190

    O Estado de S. Paulo, em 29/01/2023

    Mil Yanomami subnutridos, mais 700 mil mortos pela covid. Não é genocídio?

    Difícil não foi ter descoberto a doença, mas sim ter dado com ela tardiamente, obrigando-me a mudar rotinas, vícios, hábitos aos 86 anos. Principalmente vícios, manias. Dizem que tudo se ajeita com boa vontade. Apontem um ser humano que tenha a noção absoluta de boa vontade. Ou não acredito na humanidade?

  • Curtas histórias

    O Estado de S. Paulo, em 15/01/2023

    Livros registram catástrofes que nos assombraram ao longo dos tempos. Diques romperam em Brumadinho, mataram centenas de pessoas, famílias perderam tudo o que tinham, e ficou por isso. Caso nunca resolvido.

  • O balão vermelho

    O Estado de S. Paulo, em 01/01/2023

    Passando pela Marginal Pinheiros, dei com a roda-gigante destinada a ser a maior da América Latina. Minúsculo pano vermelho (parecendo balãozi-nho) mostrava-se agarrado a uma das cabines. Estremeci, a memória me remeteu aos meus 22 anos. Em um domingo de 1958, eu voltava de um show, promovido pelo jornal Última Hora e dei carona para Marlene França, atriz baiana nascida em Uauá, descoberta aos 14 anos por Alex Viany em Rosa dos Ventos, lançado em 1957. Ela veio para São Paulo disposta a fazer carreira, e fez. Ao passarmos pelo Parque Shangai, no centro, vimos a roda-gigante. Ela arregalou os olhos: 'Lô' - assim me chamava -, 'vamos dar uma volta?'. Na entrada, outro pedido: 'Me dá um balão vermelho?'.

  • Enfim, o sol

    O Estado de S. Paulo, em 20/11/2022

    O choro incontrolável de Sand Mayara Giacomelli de Mello na biblioteca do Senac Araraquara quando ali entrei. Os 200 alunos de cursos profissionalizantes a me ouvir, eu, filho de modesto ferroviário. E as 500 pessoas que estavam na abertura da Primeira Festa Literária de Araraquara, a Fli Sol, para ouvir Zé Celso e eu foram suficientes para acreditar que vamos enfrentar democraticamente os tempos difíceis do novo governo, diante do ataque permanente dos 'manés fascistas' (obrigado ministro Barroso) derrotados em uma eleição sem fraudes.